Nada de novo. O Orçamento do Estado do PS levou, no primeiro dia de debate no Parlamento, nota positiva do Bloco e PCP e negativa por parte do PSD e CDS.
Os partidos de esquerda fizeram mesmo questão de dizer que este não é o seu orçamento, mas que nele vêm sinais positivos, sobretudo tendo como termo de comparação os apresentados no passado pelo governo liderado por Passos Coelho.
Daí que não façam suspense e deixem, desde logo, claro que o irão viabilizar. Mas, tanto Catarina Martins como Jerónimo de Sousa lamentam que os socialistas não tivessem ido mais longe no sentido que consideram correcto, e voltaram a acenar com a renegociação da dívida para que possa sobrar mais dinheiro para os portugueses.
António Costa mostrou compreensão pelas reivindicações da esquerda, assumiu que ele próprio gostaria de ter apresentado um orçamento mais ambicioso, mas ainda assim lembrou que “pela primeira vez em muitos anos, a estreia orçamental de um novo governo não é marcada por mais um aumento do IVA ou por um novo aumento do IRS”.
Pelas suas contas, este é um orçamento que devolve às famílias rendimentos na ordem dos 1372 milhões de euros. Se a esse valor retirarmos cerca de 600 milhões resultantes de novas receitas fiscais, conclui que, para os portugueses, há um saldo positivo de 700 milhões.
É claro que a leitura que os partidos de direita fazem do orçamento é muito diferente. Passos Coelho esteve em silêncio no debate, mas antes do início da sessão já tinha vindo anunciar o voto contra do PSD a um documento que considera ser “incoerente e irresponsável”.
O CDS, pela voz de Nuno Magalhães, também entende que não é um orçamento para levar a sério, pois prevê que já daqui a dois anos seja apresentado um Rectificativo.
Uma intervenção que motivou um momento de ironia da parte de António Costa que o acusou de estar “viciado” em rectificativos, uma vez que PSD e CDS apresentaram 12 orçamentos em 4 anos pois “nunca conseguiram acertar à primeira”.
E agora também querem que o PS falhe, a ponto de, acusou, Passos Coelho ter ido tentar que a Comissão Europeia chumbasse este Orçamento. Mas nem assim conseguiu quebrar o voto de silêncio do ex-primeiro ministro. A única resposta de Passos Coelho foi sair do plenário, ao qual regressaria pouco depois.