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Terça-feira, Novembro 5, 2024

Debate: Rui Rio e Pedro Santana Lopes

Joaquim Jorge, no Porto
Joaquim Jorge, no Porto
Biólogo, Fundador do Clube dos Pensadores

Percebeu-se porque Pedro Santana Lopes desejava debates com Rui Rio tão veementemente.Está muito mais à-vontade do que Rui Rio pela sua experiência constante em programas de televisão. E, é um terreno que o ajuda a elencar e a clarificar alguns assuntos pendentes e mal explicados. Na primeira parte do debate só se falou do passado de Pedro Santana Lopes enquanto Primeiro-Ministro, das suas “trapalhadas” e por onde andou Rui Rio em palestras, como a Associação 25 de Abril, a dizer mal do PSD.

Neste «tu-cá-tu-lá» e acusações “para aqui e para acolá”, Pedro Santana Lopes encostou literalmente Rui Rio às cordas. A sua acutilância, não dando hipóteses a Rui Rio de ripostar e defender-se. Quando Pedro Santana Lopes acusou Rui Rio por ter o apoio de Ferreira Leite, Morais Sarmento, Pacheco Pereira e António Capucho que criticam o PSD.  Rui Rio deveria ter retorquido e lembrar a Pedro Santana Lopes que tem o apoio do aparelho do PSD e de gente que toda a vida só fez carreira no PSD, agarrada ao poder que lhes garanta lugares, responsável pela pior derrota do PSD nas autárquicas. Foi pena! Seria um separar de águas…

Pedro Santana Lopes surpreendeu com dados e uma preparação ao pormenor. O moderador introduziu um tema quente da actualidade: financiamento dos partidos. Um tema que mostrou uma posição mais contida de Rui Rio do que Pedro Santana Lopes. Na segunda parte do debate, sobre questões económicas e na estratégia como alternativa a António Costa, Rui Rio, com mais tempo para falar, recuperou e reequilibrou um debate que parecia perdido.

Este debate teve algo curioso, apesar de nesta campanha os dois candidatos, até agora, praticamente só se terem preocupado com os militantes, neste confronto, pouco ou nada falaram do PSD:  sua organização e futuro como partido. Um debate em que parece que estavam a seduzir os portugueses e não os 70.000 militantes do PSD com as quotas pagas.

Desta vez falaram como se fossem candidatos a Primeiro-Ministro. A ideia com que fiquei é que Rui Rio tem que mudar de estratégia no próximo debate se quer ser líder do partido. Santana Lopes surpreendeu com a melhor arma: o ataque.

Esta campanha para líder do PSD, para além de longa e interminável está a tornar-se imprevisível e com um resultado difícil de diagnosticar. A questão que se coloca nesta campanha? A dificuldade para os candidatos de gerir uma campanha 2 em 1: campanha para líder do PSD e ao mesmo tempo para Primeiro-Ministro.

Isso, por vezes, baralha e confunde. A ideia com que fiquei é que este debate foi um debate esclarecedor para os portugueses, mas que não votam, e não, um debate para os militantes do PSD que votam. Por isso, sempre achei, que deveria ter havido uma campanha para dentro- PSD (militantes), e outra para fora – portugueses em geral. A haver dois debates televisivos:

  1. Um debate para os militantes sobre a organização do PSD, como melhorar e tornar o partido atraente e moderno aos olhos dos portugueses.
  2. Um debate para os portugueses mostrar como actuariam se o PSD fosse chamado a formar Governo.

Nesta miscelânea e emaranhado de assuntos, exemplos, variedades diversas de coisas diferentes, é contraproducente e não é esclarecedor. Esta mistura gera confusão, mas os militantes têm a palavra. No final de contas, os portugueses que se interessam por estas coisas não têm voto na matéria. O interesse torna-se relativo.

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