Se todos dias na Deorum fossem como estes, seria um verdadeiro Elysian, um lugar perfeito após-vida transversal de paz e alegria, onde a realidade é uma constante euforia, mergulhado de cantos e sinfonias.
1. Ser ou não crer
Se todos dias na Deorum fossem como estes, seria um verdadeiro Elysian[1], um lugar perfeito após-vida transversal de paz e alegria, onde a realidade é uma constante euforia, mergulhado de cantos e sinfonias. Ingénuo, o pensamento de quem pensa diferente, pois na Deorum, a vida é nada mais que o mesmo de sempre. Escondendo-se na escuridão do alheio entre as margens da terra, no silêncio aterrorizante do vento que não sopra e sem direcção de alegria, calando a alma fria de quem procura o conforto aquecedor desta terra esquecida no escuro, honrado de criaturas virtuosas, presas no céu ainda por nascer, revelando segredos ocultos, trazendo a verdade de uma criação natural e subtil, pois a dimensão onde se encontra poderia ser a terceira ou a quarta, pois é cheio dela.
Noites de anjos caídos, glorificando a ausência da luz, a magia sem estrelas para dar vida há uma imaginação possível, que transcende os sonhos de quem poderia ser ou não crer, Deorum, é realmente uma divindade de lugar para se estar quando o único estado conhecido pelos diversos sentidos que compõem uma criatura é a escuridão. Deorum, com uma magnitude pouco aparente, é dos mais fracos entre os orbes[2] vizinhos, sendo totalmente invisível em áreas de poluição luminosa no céu nocturno, impossibilitando a transmissão abrangente que por sua vez, ainda era um enigma nos olhos de quem viveu suficientemente dogmático à uma realidade prisioneira, a luz, era uma inexistência surreal, pois pela sua experiência, prudentemente o velho Khaukúh, o mais antigo dos patriarcas, liderara sua espécie de criaturas celestiais e procedência guerrilheira no além embrionário das estrelas, com sua força incomparável, influenciando substancialmente no arbítrio final das decisões cruciais de seu habitat, e embora cansado, Khaukúh lutara com sua voz a beira da decadência, a continuidade de sua existência e o lugar que o viu crescer, tornando assim sua batalha incansável noite após noite.
A Deorum, abençoada de sua sabedoria incontestável, o velho mestre Khaukúh que aprendeu com a diversidade passada dos factos vividos, ensinando-lhe por éones[3] suficientemente tudo que seria necessário e sem precisar saber ler ou escrever, muito pelo contrário, dentro do seu interior, a enciclopédia de respostas e perguntas sobre a vida e a criação, seriam inquestionável e notório entre os habitantes da Deorum. Khaukúh, verdadeiramente sábio sábia, que sem a enótita[4], os habitantes da Deorum se autodestruiriam, e o cordão umbilical que os unia, era a energia vital que fluía a pureza de um amor eterno, conectando-os com o grande cosmos, seus ancestrais e entre bilhões de galáxias, vagueando o vasto espaço vazio do magnífico universo escuro, sem lentes para poder captar o movimento exorbitante deste orbe celestial perdido no infinito, audaciosamente suspenso no céu noturno.
O velho mestre Khaukúh, considerado último de sua linhagem, recordara de histórias contadas pelos seus ancestrais, histórias estas posteriormente banidas, sobre as primeiras criaturas residentes na Deorum, suas conquistas e guerrilhas no combate intergaláctico com orbes vizinhos, histórias de orgulho, sobre suas lideranças e missões interplanetárias, deixando assim o seu marco na história do cosmos, pois os deors[5] haviam conquistado o respeitado de todos orbes que os rodeara.
Missões e viagens á mundos paralelos, guerras e caçadas de ameaças inéditas que tentavam subjugar sua existência ou liderança de potencia galáctica, Deorum, fora uma vez o mais temível orbe a vaguear o espaço, cheia de criaturas heroicas, possuidoras de poderes incalculáveis, que infelizmente desvanecera ao longo de éones, trazendo escuridão à luz, silenciando abaladamente suas batalhas e conquistas, lançando suas origens ao abatimento, abdicando-se de toda genuinidade celestial, porém, o velho mestre recordara, histórias de naves espaciais enterradas no além, jamais contadas á criaturas vindouras, que nada ou pouco sabiam, dos feitos magníficos de seus ancestrais, ou do marco histórico que a escuridão escondia para nunca ser revelado, dos segredos da criação, da luz no escuro, ou do arrependimento destas criaturas uma vez imortais.
[1] Elysian – de acordo a mitologia grega, era morada de seres abençoados após a morte, um lugar de paz eterno.
[2] Orbe (s) – Globo, O Universo, A terra, Lugar (es) / espaço no céu
[3] Éones – Eras
[4] Enótita – União
[5] Deors – Seres Divinos/Deuses
Como aperitivo à prosa de Sérgio de Jesus Miranda, apresentamos novo capítulo do livro Deorum, um lugar além estrelas
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