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Sábado, Agosto 31, 2024

Deputado polaco castigado por comentário sexista

O presidente do Parlamento Europeu anunciou esta semana, em Estrasburgo, que decidiu impor “sanções sem precedentes” ao eurodeputado polaco de extrema-direita, que proferiu declarações sexistas durante uma sessão plenária, em Bruxelas, no início de Março.
Por ocasião de um debate no hemiciclo sobre a desigualdade salarial, o deputado polaco Janusz Korwin-Mikke afirmou que “as mulheres devem ganhar menos porque são inferiores aos homens”. “Sabem que posição ocupavam as mulheres nas Olimpíadas gregas? A primeira mulher ocupou a posição 800. Sabem quantas mulheres há entre os primeiros cem jogadores de xadrez? Nenhuma. Então, é óbvio que as mulheres devem ganhar menos do que os homens porque são mais fracas, mais pequenas e menos inteligentes“. Estas foram as declarações polémicas do polaco que lhe valeram a suspensão de todas as actividades parlamentares por dez dias, a perda das ajudas de custo diárias por 30 dias (9.210 euros), e a proibição de representar o Parlamento durante um ano.

“Parece-me urgente rever o regulamento do Parlamento Europeu e endurecer as sanções pois temos tido, cada vez mais, casos deste género: de gente que não respeita a dignidade humana, nem a diferença, nem os próprios valores europeus”

Liliana Rodrigues entende que as sanções “ficam aquém do desejável” mas também compreende que “são as possíveis dentro daquilo que permite o regulamento do PE”.

Na qualidade de membro da Comissão dos Direitos da Mulher e da Igualdade dos Géneros adiantou ao Jornal Tornado: “parece-me urgente rever este regulamento e endurecer as sanções pois temos tido, cada vez mais, casos deste género: de gente que não respeita a dignidade humana, nem a diferença, nem os próprios valores europeus. De gente que não é bem gente. Mas que estão cá dentro com um único objectivo: destruir a União Europeia”.

“O ideal seria não existirem deputados assim. Ou antes, pessoas que pensam assim”, lamenta a eurodeputada ao recordar que Janusz Korwin-Mikke “tem tido comportamentos reprováveis e não é a primeira vez que é sancionado”.

Para Liliana Rodrigues, a situação “representa bem o que a extrema-direita anda a fazer” no PE, e neste caso, o que pensa este grupo político das mulheres”.  A eurodeputada espera ainda que nas próximas eleições europeias as mulheres polacas “tenham na memória as vis declarações deste deputado”. A socialista aproveita também para dizer que “desvaloriza totalmente a existência” do deputado polaco, já que “a reacção da opinião pública europeia, de homens e mulheres decentes, foi de total repúdio com a extrema-direita e de uma grande defesa da causa da igualdade dos géneros”. “Ele é um. Nós somos muitos. Seremos sempre mais aqueles que defendem uma Europa unida na diversidade do que aqueles que a querem matar”, conclui.

Também a eurodeputada Marisa Matias, escreveu na sua página do Facebook que “é a maior pena alguma vez aplicada a um deputado”. A eurodeputada do Bloco de Esquerda entende, no entanto, que a sanção é “curta para quem, ao longo dos anos, só apregoou xenofobia, racismo, misoginia e desrespeito, em total afronta ao regimento do Parlamento Europeu”.

A eurodeputada Liliana Rodrigues espera ainda que nas próximas eleições europeias as mulheres polacas “tenham na memória as vis declarações do deputado”.

Extrema-direita ganha terreno
Os comentários sexistas, racistas e antissemitas de Janusz Korwin-Mikke já não são inéditos no Plenário. Chegou a apelidar os refugiados de “lixo humano” durante um debate sobre as políticas migratórias da UE: “É uma política ridícula que faz com que a Europa acabe inundada de lixo humano. Deixe-se claro: lixo humano que não quer trabalhar”. Em 2012 também foi multado por comentários racistas contra os negros e em 2015 por ter feito uma saudação nazi ao entrar no hemiciclo.

“Não tolerarei um comportamento destes, em particular vindo de alguém que é suposto desempenhar com a devida dignidade as suas funções enquanto representante dos povos da Europa”, afirmou esta terça-feira o presidente do Parlamento, Antonio Tajani, que considerou a punição “proporcional à gravidade da ofensa”. “Ao ofender todas as mulheres, o deputado mostrou desprezo pelos nossos valores mais fundamentais”, acrescentou.

Korwin-Mikke é conhecido por apoiar a monarquia e a pena de morte e foi candidato à presidência da Polónia em 2015, tendo obtido apenas 4,8% dos votos. Está no PE desde 2014, quando o seu partido eurocéptico Coligação para a Renovação da República alcançou 7,2% dos votos, maioritariamente com o apoio do eleitorado jovem.

Recorde-se que nos últimos anos, a participação de partidos de extrema-direita está a ganhar terreno no PE. Representados pelo Grupo Europa das Nações e da Liberdade, liderado por Marine le Pen, conta com 42 eurodeputados. Janusz Korwin-Mikke faz parte dos 18 que se inserem no grupo dos não inscritos, um conjunto de deputados independentes que não pertencem a qualquer grupo presente no parlamento.

 

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