As nossas elites têm sempre a boca cheia de meritocracia, avaliação, excelência, procurando sempre atribuir-se qualidades excepcionais e justificar desse modo a desproporcional fatia do rendimento nacional que reservam para si. Mas serão tão formidáveis como apregoam?
Com tais dirigentes de excelência no comando do Governo e da economia privada seria de esperar que Portugal tivesse um desempenho económico brilhante, navegando habilmente pela tempestade económica iniciada em 2008 com a crise do crédito malparado, subprime, nos Estados Unidos.
Uma comparação do desempenho dos diversos países europeus mostra como as elites portugueses não conseguiram evitar um recuo do PIB per capita, apesar do fluxo migratório dos últimos anos que diminuiu a população.
Apresentam como resultado das políticas que combinaram com a União Europeia uma redução do PIB per capita quando no conjunto da União Europeia este indicador aumentou e nalguns países melhor governados e com elites económicas mais bem preparadas e capazes aumentou mesmo muito substancialmente.
Comparando os valores de 2008 com os de 2015 vemos que o PIB per capita de Portugal diminuiu de 17.200 Euros para os 16.600, i.e. diminuiu de 600 Euros ano por português.
Foi o pior da Europa? Não foi. O pior foi a Grécia que desceu quase 25%! Ficou na média? Também não, ficou bem abaixo da média dos 28 países. A média foi uma subida de 300 Euro ano por pessoa, Portugal desceu.
Países como a Polónia e a Hungria conseguiram neste período não só passar incólumes pela crise como crescer muito significativamente. A Polónia aumentou o seu PIB de 2.000 Euros por pessoa, Malta em 2.400 e a Eslováquia em 1.500. A Alemanha também, com um desempenho positivo, conseguiu aumentar o seu PIB em 1.700 Euros por habitante e a Suécia em 1.900 euros.
Mas somos um pequeno país? Na verdade não somos; somos um país quer por território, quer por população, de dimensão média. Mas esse argumento não pega quando vemos países mais pequenos como a Suécia ou Malta ou países de dimensão comparável como a Hungria a crescer e nós a diminuir.
Os do costume apontarão de seguida que esses são países ricos e nós pobres. Na verdade não somos um país pobre, nem de rendimento médio, Portugal classifica-se entre os países desenvolvidos e ricos. Mas é verdade que a Alemanha e a Suécia são sociedades muito mais ricas. Mas que dizer da Polónia, da Hungria, da Eslováquia? Claro que eram países menos ricos que Portugal.
Não radica aí, quer no tamanho quer no nível de riqueza, a diferença que nos faz diminuir e a eles crescer. Essa diferença radica na qualidade das elites governamentais e económicas.
Excessivamente poderosas elites incapazes de traçar um rumo no meio da tempestade, vergando às exigências de terceiros, vogando ao sabor dos seus interesses particulares, dirigindo a nossa nau sem habilidade nem saber, estão a destruir o país.
São estas elites de pouca valia, como os Administradores-estudantes da Caixa Geral de Depósitos, que o BCE mandou completar a sua formação base, que açambarcam o rendimento nacional deixando mais de um quarto da população na pobreza e outro quarto muito perto dessa situação.
Portugal, para poder renascer das cinzas que se apagam, tem que promover uma radical substituição das suas elites políticas e económicas falhadas. Substitui-las por pessoas sem responsabilidades governativas ou de gestão de topo em grupos económicos nos últimos 20 anos.
Essa alteração não é fácil, mas é essencial. Em suma precisamos de uma verdadeira revolução.
Consulte dados Eurostat.