Antes da pandemia, as medidas tomadas pelo desgoverno de Jair Bolsonaro já aprofundavam a crise com o aumento do desemprego, do trabalho precário e da miséria. As suas atitudes durante a pandemia desmascaram ainda mais o seu caráter em favor dos muito ricos. Para o restante da população é: “E daí”.
E daí se o 1% mais rico do país ganhou em média, em 2019, 33,7 vezes o que ganhou a metade mais pobre, como mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) – Rendimento de Todas as Fontes 2019, divulgada nesta quarta-feira (6), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pasmem.
“O desgoverno Bolsonaro age para que isso aconteça”, afirma Ivânia Pereira, vice-presidenta da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). “O presidente e o seu ministro da Economia, Paulo Guedes distribuem verbas para banqueiros e grandes empresários e penalizam os que mais precisam com medidas contra os interesses da classe trabalhadora”.
Mais de uma vez Bolsonaro disse que “é difícil ser empresário no Brasil”, mas nunca se colocou no lugar de quem é obrigado a “levantar muito cedo, enfrentar um transporte lotado e depois de cerca de 2 horas chegar ao trabalho cansado, trabalhar por 8 horas e voltar para casa com a mesma precariedade e o salário não chegar do fim do mês”, alerta Vânia Marques Pinto, secretária de Políticas Sociais da CTB.
Como um dos países mais desiguais, o Brasil teve uma massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita de R$ 294,4 bilhões em 2019, sendo que os 10% mais pobres abocanharam 0,8% dessa massa e os 10% mais ricos ficaram com 42,9%. Diferença abismal.
A Novidade, de Gilberto Gil, Bi Ribeiro, Herbert Vianna e João Barone
E a resposta do governo federal para conter os efeitos do coronavírus na economia tem se mostrado ainda mais perversa. Através de medidas provisórias propõe negociação individual entre trabalhadoras e trabalhadores com os patrões sobre a possibilidade de redução de jornada de trabalho e dos salários no enfrentamento à pandemia. Chega a ser cruel.
“Guedes propõe cortar salários e direitos das servidoras e servidores públicos federais ao mesmo tempo em que libera verbas para socorrer banqueiros”, acentua Ivânia. “Com o isolamento social a situação dos mais pobres tende a piorar e o desgoverno não faz nada para que o pós pandemia possa representar vida nova para todas e todos”.
A pesquisa mostra também que o rendimento médio dos 131,2 milhões de brasileiras e brasileiros que tinham algum rendimento em 2019 não cresceu em relação a 2018. Era de R$ 2.247 e no ano passado ficou em R$ 2.244.
Ivânia ressalta também a existência de mais de 12 milhões de desempregados, quase 40 milhões de pessoas no trabalho informal e aproximadamente 5 milhões desalentados (que desistiram de procurar emprego).
Brejo da Cruz, de Chico Buarque
“É muito triste constatar esses números nas enormes filas nos bancos para receber o auxílio emergencial de R$ 600 a R$ 1.200”, assinala Vânia. “Com um número muito grande encontrando dificuldades para receber o auxílio aprovado pelo Congresso porque o desgoverno federal dificulta o recebimento”.
No ano passado 13,5% dos domicílios recebiam o benefício criado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2018, eram 13,7% das famílias a receber, em 2015, 15,9% recebiam. Outro dado significativo apresentado pela pesquisa é que 105 milhões de pessoas tinham menos de R$ 15 por dia para se manter, R$ 438 mensais.
O Brasil já voltou ao Mapa da Fome da ONU (Organização das Nações Unidas) com mais de 13,5 milhões de pessoas na pobreza absoluta como mostra a Síntese de Indicadores Sociais, do IBGE, divulgada recentemente.
“O Brasil precisa parar Bolsonaro urgentemente para frear a disseminação da Covid-19 e impedir a destruição do Estado nacional, da democracia e da vida”, conclui Ivânia. “A pandemia do coronavírus só ressaltou a inépcia desse desgoverno e o seu caráter fascista”.
Texto em português do Brasil
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