Dois anos depois, o Clube Desportivo das Aves, da II Liga de futebol, com a entrada empresa Galaxy, sociedade anónima desportiva (SAD) do clube, após ascender ao escalão maior do futebol português vive um momento histórico, derivado da conquista da Taça de Portugal. O entusiasmo é tão forte como a grandeza deste clube multifacetado que movimenta centenas de jovens atletas de futebol, futsal e voleibol e se preparara para ter infra-estruturas que garantem a sua sustentabilidade.
O CD Aves está localizado na Vila das Aves, concelho de Santo Tirso, uma terra que ganhou notoriedade um pouco por todo o país, fruto das três presenças do clube na primeira liga do futebol nacional.
O Clube Desportivo das Aves foi fundado no dia 12 de Novembro do ano de 1930 por um grupo de amigos que regularmente se reunia na “Sapataria do Pedras”, junto ao mercado da Vila das Aves, na rua General Humberto Delgado. José Pedrosa Mendonça Balsemão, com apenas 22 anos, foi o principal mentor da criação de um clube desportivo na freguesia de S. Miguel das Aves, ideia apoiada por António Pinto Lobão, José Castro Pedras, Joaquim Castro Pedras, António Ferreira da Silva Costa e Silvério Patrício Costa Cruz.
A primeira sede — lê-se na história oficial do clube — foi instalada no rés-do-chão de um prédio na Rua Silva Araújo, onde actualmente está sedeada a Foto Aviz, possuindo bar e um bilhar com o intuito de reunir os associados do clube, sendo habitual a reunião de tofos para no domingo de Páscoa receber as três cruzes do compasso.
Posteriormente, a sede transferiu-se para o antigo edifício da Casa-Pensão “A Primorosa das Aves”. Os fundadores do clube designaram como primeiro presidente da história o regedor Manuel Sousa Neto, sendo Benjamim Lemos o primeiro sócio, ficando ao mesmo tempo estipulado que os associados pagariam uma quota no valor de 25 tostões.
A actividade futebolística iniciou-se na época 1931/32 através da criação da equipa de Honra e outra de Reservas, denominadas “Onze Vermelhos das Aves” por analogia com o nome que era atribuído à selecção belga de futebol na altura, “Onze Diabos Vermelhos”.
Os também denominados “craques do gorro”, por usarem uns gorros na cabeça para proteção contra o frio, realizaram o primeiro jogo a 26 de abril de 1931, no Campo da Passarada, no Lugar da Tojela, frente à equipa do Negrelos Sport Club.
Alguns jogadores desta equipa integraram, posteriormente, o plantel oficial do CD Aves, que realizou o primeiro encontro frente ao Sporting Club de Guimarães, a 13 de Setembro de 1931, com o seguinte “onze” oficial: Gentil Pinheiro, Bernardino “Violento”, Zeca “Sapateiro”, “Jovim”, José Balsemão, Joaquim Balsemão, Eduardo Teixeira, Luciano Couto, Zeca “Freixieiro”, Pereira Lopes e João “Laró”.
Novo nome evita “conotações comunistas”
Em 1932, o nome de “Os Onze Vermelhos das Aves” foi alterado para a denominação actual “Clube Desportivo das Aves”, por recomendação das autoridades oficiais da época, que alicerçaram a sua “sugestão” por entenderem que a designação inicial tinha “conotações comunistas”.
Não foi porém esta a primeira designação oficial que o clube adoptou, pois, inicialmente, denominava-se de “Onze Vermelhos das Aves”. Sucede que pela alusão ao termo “vermelhos”, expressão naquela época conotada ao comunismo, foi determinado pelas autoridades a mudança do nome do clube.
Na sequência de uma cisão no seio dos “Vermelhos”, em 1932 foi criado o “Sport Club Avisense” ou “O Clube dos Amarelos”, constituído por alguns elementos que não concordaram com a passagem do Campo da Passarada para o das Fontaínhas.
O nome ficou a dever-se com a cor dos equipamentos e aos Bombeiros de Santo Tirso (Amarelos). O campo das Fontaínhas recebeu, posteriormente, o nome de Bernardino Gomes, uma forma de homenagear o saudoso avense que introduziu grandes benefícios no campo, cuja inauguração teve lugar a 19 de junho, com uma derrota, por 4-2, frente ao Majestic, de Ermesinde.
O novo campo foi nessa altura, e antes do encontro, benzido pelo pároco Álvaro Guimarães. “O Clube dos Amarelos” passou a jogar no Campo da Bela Vista, no lugar de Quintão, propriedade de Armando Pinheiro de Carvalho Guimarães, que o cedia fora das épocas de cultivo.
O recinto improvisado foi oficialmente inaugurado a 29 de Abril de 1934, frente aos galegos do Desportivo Guardes, de La Guardia. Para a história do encontro ficou o registo da goleada por seis bolas a zero, e já na curta existência dos “amarelos”, ficou um outro resultado expressivo (7-0), mas, desta vez, diante dos rivais “vermelhos”, em jogo relativo ao campeonato concelhio, disputado a 4 de Novembro de 1934. A 10 de Março de 1935, no célebre jogo do “tira-teimas”, disputado em campo neutro, no Porto (Campo do Luso), os “vermelhos” derrotaram novamente os seus rivais por 3-0, originando, com isso, que apesar da inscrição no campeonato concelhio, a formação “amarela” não comparecesse aos jogos, acabando por se extinguir, culminado, assim, um curto, e pouco profícuo historial.
A primeira participação em provas oficiais remonta à longínqua época 1932/33, militando, na altura, no Campeonato Regional da II Divisão da Associação de Futebol do Porto, tendo-se sagrado dois anos mais tarde, e pela primeira vez, campeão concelhio.
Na temporada seguinte, o fundo vermelho dos equipamentos recebeu as listas brancas na horizontal, para a partir de 1935 começarem a ser utilizadas as riscas na vertical. O emblema do clube foi idealizado pelo vizelense Eduardo Teixeira, que alinhava como extremo-direito na equipa dos “Vermelhos”.
A partir da década de 40 começou a ascensão desportiva do clube, fruto do apoio de várias figuras ilustres da terra, consubstanciada em consecutivas subidas de divisão. As bodas de prata, assinaladas em 1955, durante a presidência de Hernâni Pereira Ferraz, conduziram a um assinalável aumento do número de sócios, com a curiosidade de, na altura, existirem apenas duas mulheres filiadas no clube.
Nesse mesmo ano, a elevação de S. Miguel das Aves à categoria de vila e o nascimento do “Jornal das Aves” contribuíram para uma maior notoriedade do clube e consequente divulgação das suas actividades. O salto foi dado logo no ano seguinte com a subida à 1.ª Divisão Distrital do Porto e o grande propósito passava pela chegada à III Divisão Nacional, meta, entretanto, alcançada.
Em finais dos anos 60 o nome do CD Aves disparou para a ribalta, quando, pela primeira vez na sua história, recebeu o Sporting, um dos “grandes” do futebol nacional, em jogo dos 32 avos de final da Taça de Portugal, em 1968/69. A equipa avense destacou-se pela positiva e quando muitos pensavam que poderia sofrer uma goleada acabou por perder apenas por duas bolas a zero.
A história do CD Aves está marcada por vários feitos históricos, e o período entre as décadas de 70 e 80 é bem elucidativo desse caminho de sucesso e, ao mesmo tempo, um motivo de orgulho de dirigentes, treinadores, atletas e associados. A época de 1972/73 fica para sempre assinalada no historial pela primeira subida à II Divisão Nacional, sob o comando técnico de Daniel Barreto e na presidência de Mário Augusto Ferreira Marques. Na década seguinte, o clube encontra o caminho dos seus maiores sucessos desportivos.
Estádio construído em 1981
A 8 de Dezembro de 1981 inaugura o estádio, em 1983/84 sobe da III para a II Divisão Nacional, depois de vencer a Série A daquele escalão. Na temporada seguinte (1984/85) sagra-se Campeão Nacional da II Divisão, alcançando, assim, a tão deseja chegada ao mais alto patamar do futebol nacional, pelo comando do professor Neca, um nome para sempre ligado aos avenses pelo facto de ter pegado na equipa na III Divisão e, de sucesso em sucesso, chegou à I Divisão.
Mais uma vez, foi pela mão de Neca, o clube voltou a atingir, por mais duas vezes, o escalão máximo do futebol nacional (1999/00 e 2005/06), acabando, contudo, por nunca conseguir a manutenção entre os “grandes”.
Associados a estes feitos estiveram os dirigentes do Clube Armando Brandão de Almeida e António José Freitas.
No dia 14 Julho 2015 o Clube Desportivo das Aves anunciou Luiz Andrade, membro da empresa Galaxy, como administrador da Sociedade Anónima Desportiva (SAD). A empresa adquiriu 70 por cento do capital social da SAD pelo valor de 750 mil euros, com o clube a ficar com a restante percentagem, por decisão dos associados. O modelo de SAD foi aprovado em Abril do mesmo ano, meses depois do Desportivo das Aves garantir um lugar na “liguilha” de acesso à I Liga, ao vencer em casa o Académico de Viseu (4-2) e acabar em terceiro do segundo escalão entre os elegíveis para subir. Acaba, contudo, por perder o acesso à I Liga, após o empate caseiro (0-0) diante dos castores e a derrota, por 3-1, na Capital do Móvel.
A edição 2011/2012 da Taça de Portugal foi histórica para o Clube Desportivo das Aves, já que foi igualada a melhor prestação de sempre da equipa Avense na prova; atingiu os quartos-de-final tal como em 1993/1994. O Aves entrou em prova na 2ª Eliminatória, batendo o Estrela de Vendas Novas (II Divisão Zona Sul) por 2-0, fora de casa. Os golos desta partida foram marcados por João Pedro e Pires. Na 3ª Eliminatória, o Aves venceu tranquilamente em casa o Infesta por 4-0 (dois golos de Fonseca e dois golos de Quinaz).
Já em 2011, o Clube Desportivo das Aves chegara à segunda fase de grupos da Taça da Liga, vencendo por duas vezes equipas do principal escalão (Liga ZON Sagres), o Portimonense e o Olhanense. Foi eliminado da Taça da Liga apenas no último jogo da segunda fase de grupos frente à equipa que acabou por vencer o torneio, o Sport Lisboa e Benfica.
O dia 15 Maio de 2004 é outro dia importante na vida do CD Aves: o Pavilhão do Clube Desportivo das Aves foi inaugurado. Perante um calor intenso e com uma boa moldura humana nas bancadas. O presidente Joaquim Pereira fica assim ligado a um espaço para o futsal e o voleibol, diversificando as modalidades do clube.
Longe ia a inauguração do “Campo das Fontainhas”, que posteriormente recebeu o nome de “Campo Bernardino Gomes” que provocou uma cisão na equipa, surgindo o Sport Clube Avisense, equipa formada pelos atletas que pretendiam continuar a jogar no Campo da Tojela. Este clube, conhecido pelos ‘Amarelos’ extinguiu-se em 1935.
Futuro risonho
De facto, “os clubes são obrigados, no mínimo, a ter 10 por cento das acções da SAD, mas os sócios do Aves exigiram que o clube ficasse com 30 por cento”, explicou o presidente do clube, Armando Silva.
O novo administrador da SAD, Luiz Andrade, garantiu que a empresa Galaxy pretende continuar o trabalho que a direcção do Desportivo das Aves fez até aqui, acrescentando apenas o necessário para a estrutura poder crescer.
De facto, o passado dia 17 de Setembro de 2016, na presença de Joaquim Couto, edil de santo Tirso, de Pedro Proença, Presidente da Liga Portuguesa de Futebol, marcou o início da concretização do projecto da SAD avense, assim como representantes da Federação Portuguesa de Futebol e da Associação de Futebol do Porto.
O empreendimento chama-se Calaxy Futebol Campus — Academia do CD Aves, é um investimento privado que surge das mãos da SAD, representada pelo Presidente do Conselho de Administração, Luiz Carlos de Andrade. Além dos postos de trabalhos que vai criar, promete ter um indiscutível impacto económico para a vila e para o concelho de Santo Tirso.
Uma mais-valia para a formação avense, o Centro de Alto Rendimento é, também, o novo local de treinos e preparação de jogos da equipa principal e da equipa B do CD Aves. O principal propósito deste empreendimento é receber equipas estrangeiras que pretendam realizar estágio em Portugal. Vai estar equipado e pronto a receber jovens de todo o mundo para a adaptação ao futebol português.
O empreendimento em curso destina-se, não só apoiar os escalões da formação avense, mas também pretende alojar equipas estrangeiras para realizarem estágios, havendo já mesmo alguns pré-acordos estabelecidos.
O investimento ronda os 3,5 milhões de euros e estima-se que as obras estejam concluídas no fim deste ano, sendo que as obras dos campos: dois de relva sintética e um de relva natural arrancam em primeiro.
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