Poema de Filipa Vera Jardim
Destino de Pássaro
Há pássaros que levantam voos sempre que perdemos a esperança. Ou será que o fazem, porque não sabemos onde deixamos o destino?
Um dia percebi que não tinha sorte de homem. Nem tempo de homem. Só o espaço infinito dos azuis, que se sobrevoam sempre que somos livre.
Nesse dia, abri os braços e deixei-me voar.
Impregnei-me de azul e deixei-me voar.
Foi assim que ganhei asas.
O tempo escoava-se por entre a ventania.
O espaço, numa demência volteante, a raiar o círculo do horizonte.
Confesso que tive medo.
Esperava-me o ar. Completo. Translúcido. Ora morno, ora gélido. Ora suave, ora tempestuoso.
Deixei-me pairar nesse abraço de coisa alguma. Tão ou mais cerrado, do que um beijo de brisa… e achei-me, pássaro!