Em 2015 a situação era esta… (em actualização)
O relatório “SIDA em Números 2015” (AIDS By The Numbers, no original), da autoria das Nações Unidas, transmite uma ideia positiva sobre a luta contra a doença à escala mundial: desde o ano 2000, a taxa de novas infecções pelo vírus desceu 35%. Por sua vez, as mortes por novas infecções de VIH/SIDA desceram 42% desde o pico registado em 2004. Na estatística de infecções nas crianças, registou-se um decréscimo de 58% desde o ano 2000, enquanto que o acesso a terapia anti-retroviral aumentou 84% desde 2010.
Ainda de acordo com o relatório da ONU, encontram-se em tratamento quase 16 milhões de pessoas infectadas, sendo que em 2014 quase 37 milhões viviam com o VIH. Esta estatística continua a crescer, continua o relatório, “em grande parte porque mais pessoas à escala global estão a ter acesso a terapia anti-retroviral, e como resultado, estão a viver mais tempo e com vidas mais saudáveis”. Apesar destas notícias, a doença continua a propagar-se. No ano passado, surgiram no mundo mais 2 milhões de novos casos de seropositividade e registaram-se 1,2 milhões de mortes por doenças associadas à SIDA. O relatório revela ainda que dos quase 40 milhões de pessoas em todo o mundo a viverem com o vírus, 17,1 milhões não sabem que estão infectadas e necessitam de acesso a testes; cerca de 22 milhões não têm acesso ao tratamento, incluindo 1,8 milhões de crianças.
Por regiões do globo, o relatório da ONUSIDA revela: as novas infecções por VIH/SIDA caíram 41% em 14 anos na África subsariana, enquanto essa queda subiu para metade no mesmo período nas Caraíbas. Na América Latina, a taxa de novas infecções desceu 17% em 2014 quando comparada com o ano 2000, enquanto na Ásia-Pacífico a quebra foi de 31% em igual período. No Médio Oriente e Norte de África, o cenário é diferente: o número de novas infecções subiu 26% e na região da Europa de Leste e Ásia Central o aumento de novas infecções foi de 30%. Nas regiões da América do Norte e Europa Central e Ocidental as estatísticas mantiveram-se estáveis, sublinha o relatório.
Ainda por regiões do globo, mas no capítulo de mortes relacionadas com a SIDA (comparação entre os anos de 2000 e 2014), na África subsariana o número de mortes desceu 34%. Nas Caraíbas, essa estatística caiu para mais de metade, enquanto na América Latina a queda foi de 31%. Na Europa Central e Ocidental e América do Norte, a taxa caiu 12%. A quebra de 11% no número de mortes por doenças relacionadas com a SIDA registou-se na Ásia e Pacífico. Porém, existe ainda o reverso da medalha: nas regiões da Europa de Leste e Ásia Central, bem como no Médio Oriente e Norte de África, o número de mortes mais do que triplicou.
Tendo como objectivo final chegar ao percentual zero de taxa de infecções por VIH/SIDA em 2030, assumido através do lema “On The Fast Track To End AIDS” (Na Via Rápida Para Acabar Com A SIDA, em tradução livre), a ONUSIDA inclui ainda no relatório hoje divulgado os resultados ambicionados. A organização pretende evitar 21 milhões de mortes por doenças relacionadas com a SIDA até essa data limite; quer ainda evitar 28 milhões de novas infecções pelo vírus em adultos e 5,9 milhões de infecções em crianças.
A estratégia “Fast-Track” assumida até 2020 pela instituição inclui conseguir que 90% dos infectados tenham conhecimento do seu estado de saúde, acesso ao tratamento por parte de 90% dos infectados que sabem sê-lo e redução da carga viral em 90% dos seropositivos em tratamento. A ONUSIDA quer também alcançar a discriminação zero no que toca a pessoas seropositivas ou doentes de SIDA em 2020. No que toca ao orçamento para alcançar estas metas, reconhece-se no relatório que faltam 9 biliões de dólares (cerca de 8,5 biliões de euros) para o pleno dos recursos necessários à concretização dessas metas para 2020. O custo destas políticas de luta contra a doença, prossegue o relatório, podem chegar ao pico de 31,1 biliões de dólares em 2020 (cerca de 29 biliões de euros), e depois dessa data, os recursos começarão a diminuir.
O relatório defende que a “estratégia Fast Track, combinada com uma agenda de justiça social que coloque em primeiro lugar as pessoas e assegura que a sua saúde reprodutiva e sexual, bem como necessidades e direitos, são respeitados na íntegra, vai ser imparável”. E termina com um alerta: “Se o mundo não agir para destruir a epidemia, esta pode retroceder para níveis de há dez anos atrás”.