Vítor Ferreira preside ao único Festival de Cinema Português, até 5 de Dezembro
Há 21 anos um grupo de estudantes do CEC (Centro de Estudos Cinematográficos da Associação Académica de Coimbra) lançava-se na voluntária aventura de fazer um festival de cinema dedicado à produção portuguesa, aos realizadores lusos. Vinte e um anos depois, o Festival Caminhos do Cinema Português continua de pé, adulto, ambicioso, afirmando-se como o único festival dedicado à cinematografia portuguesa. Até ao próximo dia 5 de Dezembro, Coimbra é a capital do cinema luso, com um certame que, nesta edição, exibe 189 obras cinematográficas, divididas pelas diversas secções competitivas: Selecção Caminhos; Ensaios Nacionais e Internacionais; Caminhos Juniores e Caminhos Mundiais.
Em entrevista ao TORNADO, Vítor Ferreira, director dos “Caminhos Film Fest” desde 2001, reconheceu a ambição acrescida desta 21ª edição do evento, respondendo ao crescente interesse do público nos últimos anos, mas também lamentou que a Câmara Municipal de Coimbra apenas participe com 5 mil euros, num orçamento global de 50 mil, dos quais 50 por cento são suportados pelo ICA (Instituto do Cinema e Audiovisual).
“Este ano tentou-se alargar o festival, programar mais filmes, com mais qualidade. Com mais espaços para chegar a mais públicos”, considerou Vítor Ferreira que reconheceu que “esta aposta tem vindo a crescer ao longo dos anos, pelo que esperamos que agrade ao público e à cidade de Coimbra”. O crescente número de produções cinematográficas “made in Portugal” é explicada por Vítor Ferreira devido, sobretudo, ao surgimento do formato digital, que “tornou mais barata a realização de filmes, com maior facilidade de acesso aos meios tecnológicos”. E Vítor Ferreira cita mesmo como exemplo uma fita de Jorge Pelicano, presente nos “Caminhos”, que aborda a morte do cinema analógico, em película, em detrimento do digital. Uma abordagem sobre o que era o cinema e o que cinema poderá ser neste século.
O director do certame salientou o elevado número de obras que se candidataram a estar presentes no festival nas diversas secções, referindo que na programação “só está um terço dos filmes que foram propostos à organização”. Ao contrário do que aconteceu em edições anteriores, “hoje é impossível exibir todos os filmes que nos foram propostos”, o que exige uma selecção cuidada.
Sendo actualmente o único festival dedicado ao cinema português, os “Caminhos” exibem na secção principal – Selecção Caminhos – exclusivamente obras produzidas no nosso país ou realizadas por portugueses. No entanto, como ressalvou o responsável, a secção “Ensaios” foi este ano também aberta a filmes estrangeiros oriundos das escolas internacionais de cinema. Uma oportunidade para os jovens realizadores mostrarem os seus trabalhos, realizados em meio académico. Mas mesmo aqui houve 60 por cento de filmes rejeitados.
Os Caminhos do Cinema Português são organizados pelo CEC, por jovens estudantes universitários, voluntários. Um trabalho de peso, tendo em conta a dimensão que o certame já conquistou ao fim de 21 anos de vida. Questionado sobre o orçamento global do festival, Vítor Ferreira não escondeu que “o orçamento desta edição anda à volta dos 50 mil euros”. Um valor que “infelizmente está na mesma linha dos valores dos últimos anos”, apesar do evidente crescimento do certame. Um orçamento “de crise, de permanente estrangulamento do festival”, comentou, o que implica uma constante ginástica financeira para organizar o festival.
Vítor Ferreira revelou que a ICA (Instituto do Cinema e Audiovisual) subsidia 50 por cento do evento, mas também com desilusão referiu o facto da Câmara Municipal de Coimbra apenas contribuir com 5 mil euros. “Devemos fazer uma reflexão sobre que tipo de política cultural temos em Coimbra, face à dimensão do apoio autárquico a um festival que é de Coimbra e para o público da cidade”, considerou Vítor Ferreira. Note-se que o certame recebe mais apoio de entidades privadas do que da própria autarquia coimbrã. Apoios internos da Associação Académica (nomeadamente de verbas disponibilizadas pelas receitas da Queima da Fitas) completam o orçamento, tornando possível esta 21ª edição.
Uma edição que a exemplo dos anos anteriores tem o seu “quartel-general” no Teatro Académico de Gil Vicente, mas que também projecta filmes no Auditório do Conservatório de Música de Coimbra, no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra e, pela primeira vez, nas salas de cinema NOS do Fórum Coimbra. Os bilhetes para as sessões custam 4€ para o público em geral e 3€ para sócios do CEC, estudantes e desempregados. Toda a programação poder ser consultada aqui: http://caminhos.info/docs/programacao2015.pdf
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