Anda por aí um discurso anti-redes sociais que tem como autores nada mais nada menos do que comentadores e jornalistas, isto é, os “donos” do espaço público tradicional. Muitos desses críticos linkam precisamente nas redes sociais os artigos que escrevem na imprensa, isto é, para eles o que os outros escrevem nas redes é “lixo” mas o que eles linkam é bom.
Na crítica que fazem às redes sociais arrastam os políticos por eles também as frequentarem à procura de “likes”, como se as redes sociais estivessem reservadas apenas aos mesmos que escrevem nos jornais e falam nas rádios e nas televisões. Aliás, os políticos não fazem mais do que os próprios jornalistas que usam as redes sociais para ganharem audiência para os seus artigos e opiniões.
Cada vez mais as redes sociais são extensões e ferramentas do jornalismo, como é o caso dos programas de televisão e dos comentários dos jornais onde é solicitada a opinião dos cidadãos.
Uma das críticas feitas às redes sociais é a de que “destilam ódio”, “nada é verificado”. Tudo é partilhado sem critério. Comenta-se tudo. Tem-se opinião sobre tudo. Só não se tem o cuidado de saber do que se está a falar.”
Ora, sendo certo que existe “lixo” nas redes sociais, não é menos certo que existe também e com maior grau de gravidade nos media tradicionais em certas colunas de opinião especializadas em achincalhar pessoas e em espaços televisivos ditos “desportivos” onde” vale tudo menos tirar olhos, apesar de nesses meios os jornalistas e os colaboradores estarem sujeitos quer a regras éticas e deontológicas quer à supervisão de um director.
O criticismo das redes sociais vindo de jornalistas e de comentadores parece esconder o receio de perderem o privilégio e o poder de decidirem quem tem voz no espaço público e quem não a tem. É que nas redes sociais escreve e fala quem quer e não quem eles querem que fale e escreva.
Artigo publicado sob licença do autor. Blog VAI E VEM