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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Discurso de François Hollande

Rui Miguel Duarte
Rui Miguel Duarte
Filólogo; investigador do Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Discurso de François Hollande

Duas horas após os atentados de ontem em Paris, o presidente francês François Hollande dirigiu-se à população, e ao mundo, com as seguintes palavras que transcrevemos.

“Caros compatriotas,

No momento em que me pronuncio, ataques terroristas de uma amplitude sem precedentes estão em curso na aglomeração de Paris. Há várias dezenas de mortos. Há muitos feridos. É um horror.

Ordenámos, por decisão minha, a mobilização de todas as forças possíveis de modo a poder, no local, neutralizar os terroristas e garantir a segurança em todos os bairros eventualmente em questão. Pedi igualmente reforços militares, que se encontram neste momento na aglomeração de Paris, de maneira a assegurar que nenhum novo ataque possa vir a ocorrer. Convoquei também o Conselho de Ministro, que reunirá dentro de poucos minutos.

Duas decisões serão tomadas: o Estado de Emergência será declarado, o que quer dizer que alguns locais serão fechados, a circulação poderá ser proibida. E poderá igualmente ser decidido levar a cabo buscas em toda a Île de France[1].

Quanto ao Estado de Emergência, será proclamado para o todo do território .

A segunda decisão que tomei foi a do encerramento das fronteiras. Temos de ter a certeza de que ninguém poderá entrar para cometer qualquer tipo de acto, e ao mesmo tempo que todos os que cometeram os crimes que, infelizmente, puderam ser testemunhados, possam ser detidos se tentarem deixar o território.

Terrível provação é esta que, mais uma vez, nos acomete. Sabemos de onde ela vem, quem são estes criminosos, quem são estes terroristas.

Temos, neste momento tão difícil – e estou a pensar nas vítimas, em grande número, nas suas famílias, nos feridos – temos de mostrar compaixão e solidariedade. Mas temos também de mostrar unidade e sangue frio.

Em face do terror, a França tem de ser forte, tem de ser grande e as autoridades do Estado têm de ser firmes. Sê-lo-emos.

Temos, também, de apelar à responsabilidade de todos.

O que os terroristas querem é causar-nos medo, apavorar-nos. Há, de facto, razões para ter medo. Há pavor. Mas há, em face do pavor, uma nação que é capaz de se defender, capaz de mobilizar as suas forças, e que, uma vez mais, será capaz de derrotar os terroristas.

Francesas e franceses, não concluímos as operações. Restam ainda algumas que são extremamente difíceis. É neste preciso momento que as forças de segurança levam a efeito um assalto, designadamente num local de Paris.

Peço-vos que mantenhais toda a vossa confiança no que pudermos fazer com as forças de segurança para proteger a nossa nação dos actos terroristas.

Viva a República. Viva a França.”

 

[1] “Ilha de França”, uma das vinte e sete regiões administrativas de França, subdividida em oito departamento administrativos. Não confundir com a “aglomeração” ou área metropolitana de Paris, que compreende apenas 23,7 % da área da região mas concentra 88,7 % da sua população (do mesmo modo que se não deve confundir o distrito de Lisboa com a sua área metropolitana).

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