Breves anotações para um prefácio: “Dissonâncias” de Luís Ochoa
“Dentro da estética há uma outra poesia.”
DMG
“As palavras nascem da terra que cheiramos ao primeiro sopro.”
DMG
“O poeta tem que ser um guerrilheiro da verdade, sempre.”
DMG
Pediu-me o prolífico poeta Luís Ochoa, um luso de mar aberto e profundo visionário de amplexado e fraterno olhar para o mundo, que lhe escrevesse um prefácio, que não pude deixar de aceitar. Um desafio tremendo e uma responsabilidade.
Trata-se aqui de um olhar suspeito de um poeta do mar Índico sobre outro poeta do mar Atlântico. Dois mares que se abraçam fraternalmente e sem complexos.
Trata-se da poética do maravilhoso quando o cheiro a novo não se confunde com o cheiro a mofo, quando se olha fascinado para as “Dissonâncias” poéticas deste sábio vate.
Uma poética que é um marulhar verbal constante que canta, que encanta, que conta, que reconta, e que sem cessar atrai, fascina, ondeia, navega, enreda, arrebata, coaxa, exalta, eleva, critica, estala, salpica, escorre, ressaca e torna-se torrente precipitada de melodia, som e sentimento; tempestade de sentimentos.
Entre a esperança e o realismo pragmático, há o fado, o cruel fado que nos enreda.
Por isso questiona: “Onde está aquele homem de braços abertos ante a chama de contentamento?! (Ficou sem rosto no fim do destino, destituído naquele fado cruel.)
Entre um optimismo esperançoso e um pessimismo questionador e reflexivo com respostas críticas remata:
“-E os passos que seguiam todos os sorrisos de esperanças
sobre mantos elevados e solenes.(Tropeçaram no esbarro do desgosto
seguiram arrastados…impelidos…
na perdição do mundo gasto.)
Não tenho dúvidas, uma poesia luminosa e iluminada, para dançar no tempo e nele permanecer.
Iluminado e consciente disso diz:
“Como é pequeno o mundo em que
não vivo! E oprimido!…
Despretensioso mas convicto atira ainda:
“Quando escrevo, sou apenas metade
um nada enroupado em vestes de ilusão
requintada, sonhos pintados em aguarela,
a face de uma quimera.”
E assim espero que esta poesia seja descoberta e degustada, ultrapassando as artificiais e muralhadas fronteiras editoriais.
Se Arnim dizia: “Tenho dificuldade em discernir o que vejo com os olhos da realidade do que vejo com os olhos da imaginação”. Julgo que Luís Ochoa segue o mesmo caminho. Caminho que Breton defendeu ser da escrita automática que não poderia ser um fim em si mesma, pois quando muito procura-se obtê-la tão pura quanto possível.
Sendo necessário conseguir que ela se torne o desenvolvimento mecânico dessas operações criativas mentais.
Por último, Luís Ochoa prova que se se quer realmente ser mestre numa arte, o seu mero conhecimento técnico, não basta; é necessário transcender a técnica, de maneira a realizar essa arte sem artifícios do senso comum ou mera imitação / repetição do que já foi escrito. Um exercício espiritual dos místicos e predestinados que conseguem assim devolver a palavra a sua inocência pura, sem hermetismos e o seu poder criador e original, com toda a sua força e poder.
E isso consegue-o Luís Ochoa com mestria.
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