Diário
Director

Independente
João de Sousa

Domingo, Novembro 3, 2024

Django Reinhardt | De caravana até Paris

José Alberto Pereira
José Alberto Pereira
Professor Universitário, Formador Consultor e Mestre em Gestão

Jean “Django” Reinhardt foi um guitarrista de jazz francês nascido na Bélgica, de etnia romani. Considerado um dos melhores e mais influentes guitarristas de todos os tempos, influenciou vários músicos e inovou ao ajudar a criar o estilo de jazz manouche, ou gypsy jazz.

Django é tido como o pai do jazz na Europa, sendo um dos primeiros músicos não negros nesse estilo musical. De ascendência cigana, Reinhardt nasceu em Liberchies, no centro-sul da Bélgica, e ainda muito jovem acompanhou a sua caravana até aos arredores de Paris.

Nessa cidade, começou logo aos doze anos a frequentar a vida noturna, tocando banjo com grupos ciganos. Na sua primeira gravação conhecida, de 1928, Django ainda toca banjo. Nesse mesmo ano, na sequência de um incêndio na sua roulotte, perde a mobilidade em dois dedos da mão esquerda. Condenado pelos médicos a nunca mais tocar, a sua determinação leva-o a desenvolver uma técnica particular, que é a sua assinatura musical.

Mais tarde teve grande sucesso com o Quinteto do Hot Club de França, que fundou com o violinista Stephane Grappelli e que se dissolveu com o início da Segunda Guerra Mundial. Django faleceu em Fontainebleu a 16 de maio de 1953, vítima de uma hemorragia cerebral.

Nascido a 23 de janeiro de 1910 em Liberchies, numa região da Bélgica não muito distante da fronteira francesa, os seus pais eram ciganos franceses, de seu nome Jean-Eugène Weiss e Laurence Reinhardt.

Django cresceu num típico acampamento cigano, numa tradicional roulotte de madeira e em constante deslocação. Em 1915 o pai abandonou a família, deixando Django com a mãe e os seus dois irmãos mais novos, Joseph e Sara. Quando tinha dez anos, depois de ter já passado por diversos lugares, entre eles a Itália, a sua família mudou-se para a zona de Paris. Nesse tempo a capital era ainda protegida por muralhas fortificadas e foi fora delas que a caravana de Django se instalou, numa região pobre conhecida como La Zone, onde tinha existido o recinto militar de Thiers.

Quando ele tinha doze anos, um vizinho ofereceu a Django o seu primeiro instrumento musical, um banjo. O rapaz já demonstrara anteriormente ter uma veia musical e, mesmo sem estudos, aprendeu rapidamente a tocar, observando e interagindo com outros músicos da comunidade. Para além do banjo, Django aprendeu ainda a tocar violino e piano, sempre da mesma forma. Com doze anos começou a sua carreira musical, tocando numa casa de dança com Vetese Guerino, um acordeonista popular italiano. A este seguiram-se Maurice Alexander, Marceau Verschueren, Fredo Gardoni e Jean Vaissade, músicos cujos grupos integrou. Em 1926, Django começou a mostrar interesse por compositores clássicos como Debussy, Stravinsky Ravel, e Bach, bem como pela música jazz.

Django nunca aprendeu a ler nem a escrever, pelo que nunca acedeu a uma educação musical “clássica”. Contudo, ele tinha uma ótima perceção musical, segundo palavras do violinista e seu amigo Stephane Grappelli:

Podíamos ir com Django a um concerto onde fosse apresentada a sinfonia mais complexa, que ele conseguia listar quaisquer erros ocorridos durante a execução.”

 

Em junho de 1928, Django gravou com o acordeonista Jean Vissade, tocando banjo e assinando como “Jiango Reinhardt”. Por este trabalho, o seu primeiro registo discográfico, recebeu quinhentos francos. Em outubro desse ano, gravou com Victor Marceau, também acordeonista, tocando banjo e assinando como “Jeangot”.

Django Reindhardt e Stephane Grappelli

A 2 de novembro de 1928 ocorreu um incêndio na sua casa, do qual resultaram para Django sérias queimaduras. Tudo começou quando o músico chegou a casa à noite, depois de ter atuado num clube, e acidentalmente aproxima uma vela de flores artificiais de papel, confecionadas pela sua esposa para serem vendidas na manhã seguinte. As suas mão esquerda e perna direita ficaram seriamente afetadas. Django ficou dezoito meses sem movimentar a perna, que esteve em risco de ter de ser amputada. Os dedos mínimo e anelar perderam a mobilidade, tendo o calor do fogo afetado os tendões. Os médicos disseram-lhe que ele não poderia voltar a tocar guitarra.

Mas, ao contrário destas expetativas, durante a recuperação o seu irmão ofereceu-lhe uma guitarra e Django desenvolveu uma técnica própria para tocar, utilizando os dedos anelar e mínimo para tocar acordes e os outros para solar. Estava criada a sua técnica ímpar, senhora do seu virtuosismo musical.

 

Vídeos

 

 


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante  subscrevendo a Newsletter do Jornal Tornado. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a nossa Newsletter. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

- Publicidade -

Outros artigos

- Publicidade -

Últimas notícias

Mais lidos

- Publicidade -