DIA 15, FALAMOS
Alguns factos nada inovadores mas que convém relembrar:
- teoricamente, para se ser jornalista, devia ser e é obrigatório possuir uma carteira de jornalista e ter formação sólida na área;
- a Internet (com as redes sociais, os blogues e outros instrumentos de fácil edição e reprodução de “notícias”) veio alterar o mapa da produção de informação;
- a digitalização da função e a pressão da rapidez conduziram a uma acentuada redução da qualidade dos textos e das abordagens; finalmente, a busca desenfreada do lucro dos grandes grupos de comunicação social promoveu os outros dois fenómenos que diariamente destroem o verdadeiro jornalismo:
- o recurso a mão-de-obra barata e
- à condição de precariedade de milhares de profissionais.
Do outro lado da barricada, a ilusão do gratuito e o fácil acesso a… lixo.
Hoje há milhões de textos que, erradamente, são lidos como notícias ou como jornalismo e mais não são do que comentários, colunas de opinião, fake news e outros formatos de desinformação e manipulação.
Portanto, a questão não está no lado da produção de conteúdos pois é impossível controlar e verificar formalmente quem é (ou não) jornalista, quem escreve de forma isenta e cumprindo as regras básicas de uma peça jornalística. Como leitores, somos nós que temos de fazer a análise e a avaliação do que é verdadeiro jornalismo (e em que meios existe). E, com essa análise, decidirmos como consumidores exigentes o que ler e o que rejeitar. E convencermo-nos (finalmente…) que teremos de pagar por isso.
Para haver mais jornais (e outros meios de comunicação) temos de comprar os que gostamos e achamos importantes. Uma das piores consequências da Internet foi, pela fácil acessibilidade, fazer-nos pensar que a informação é gratuita. Se está tudo na Internet, para quê comprar um jornal ou uma revista? Esse é um perigo porque produzir informação séria, documentada e profissional custa dinheiro. Ao contrário do que por vezes se pensa, gratuita é a desinformação. Nem sempre. Mas, salvo alguns poucos projectos voluntários, é essa a nossa realidade.
Se quer continuar a ter bom jornalismo, compre o seu jornal de sempre ou a sua revista preferida. Ou assine a edição digital. Ou assine a versão digital para apoiar e compre a edição em papel porque, se pensar como eu, sabe que nada substitui a versão em papel.
E, claro, diga não à pirataria.
Finalmente, não leia nunca sem ter o seu espírito crítico bem alerta, exigente e activo.