O documentário Why We Fight, do diretor Eugene Jarecki, mostra as causas que levaram os americanos à guerra contra o Iraque, indo além do 11 de setembro de 2001.
Para isso, remonta a história desde a Segunda Guerra Mundial, contando com entrevistas com militares, executivos e políticos a fim de procurar fatores que explicariam a guerra, ao mesmo tempo que desmente a grande falácia de que os Estados Unidos estariam invadindo regiões como, por exemplo, o Oriente Médio, para levar liberdade e democracia.
Em vários momentos do documentário aparece o pronunciamento de despedida do ex-presidente Dwight D. Eisenhower (1953 – 1961), no qual ele alerta para o perigo que o complexo militar-industrial poderia trazer. Não é à toa já que, atualmente, este é um grande mercado em que diversas empresas privadas competem, as quais são aliadas aos políticos do Congresso, exercendo sua influência principalmente através do lobby. Enquanto a guerra for lucrativa para este setor, ela não irá acabar tão cedo.
Além dos interesses do mercado produtor de armas, há também o alienamento dos militares. Notamos nas entrevistas que esses não sabiam, por exemplo, quais eram os alvos do primeiro ataque no Iraque, nem o porquê eles estavam bombardeando os prédios que eram os alvos. A manipulação da mídia para fazer a opinião pública (que mostrou sua importância após o fracasso do país na guerra contra o Vietnã) abraçar a guerra, nesse sentido, também opera um importante papel.
Outro ponto que merece ser explorado é a questão do petróleo, sendo essa de relevância para a segurança energética dos Estados Unidos, pois hoje em dia o país não consegue suprir suas demandas e se tornou um dos maiores importadores deste produto. Os americanos invadem países do Oriente Médio que possuem grandes reservas de petróleo desde a metade do século passado, quando a então British Petroleum pediu ajuda no Irã. E devemos lembrar que o complexo militar-industrial consome muita energia e, por isso, tem interesse em assegurar o fornecimento de petróleo.
O documentário e as questões que são mostradas nele ajudam a pensar os interesses dos Estados Unidos para além do Oriente Médio, como na Venezuela, e até mesmo no Brasil, já que são esses os países que mais produzem petróleo na América do Sul. O atual presidente americano, Donald Trump, possui fortes ligações com a indústria de armas do país que, através da Associação Nacional do Rifle, exerce lobby sobre seu governo.
Ou seja, há muito mais interesses por trás das ameaças de invasão no território venezuelano, bem como no apoio incondicional que o futuro presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, presta aos Estados Unidos do que somente a superficial defesa da liberdade e democracia contra a “ameaça” comunista.
Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV (Fundação Perseu Abramo) / Tornado