Comunicado da Amnistia Internacional referente a um novo documentário sobre crianças-soldado yazidis que sobreviveram ao Estado Islâmico.
Hoje, 12 de fevereiro, assinala-se o Dia Internacional contra o Uso de Crianças-Soldado, e é nesse sentido que a Amnistia Internacional e a Fat Rat Films divulgaram este documentário sobre crianças-soldado yazidis que sobreviveram ao Estado Islâmico.
O documentário de 12 minutos, “Captives on the Frontlines: Yezidi former child soldiers who survived ISIS” (Prisioneiros na linha da frente: ex-crianças-soldado yazidis que sobreviveram ao EI, em português) assenta na amizade entre Vian e Barzan, dois jovens que foram raptados enquanto crianças pelo Estado Islâmico, em 2014, instruídos pelo grupo armado e forçados a combater. Ambos escaparam e estão agora a viver no norte do Iraque, onde o documentário foi filmado no ano passado.
“Este filme capta os desafios que os jovens yazidis que serviram como crianças-soldado ainda enfrentam, e também as amizades que floresceram nas circunstâncias mais difíceis”, afirma Nicolette Waldman, investigadora sobre crianças e conflitos armados na equipa de Resposta a Crises da Amnistia Internacional.
“Estes jovens yazidis que foram crianças-soldado são rotineiramente estigmatizados, o que significa que as suas experiências angustiantes são frequentemente ocultadas. Através da decisão corajosa de partilhar as suas próprias histórias de maneira tão aberta, Vian e Barzan consciencializaram e trouxeram uma luz sobre os desafios que permanecem para as antigas crianças-soldado yazidis. Muitos destes jovens, tendo sofrido traumas inimagináveis, continuam a ter graves problemas de saúde física e mental.
“Até à data, muitos sobreviventes yazidis ainda não receberam apoio adequado à sua saúde física e mental, ou à sua educação. De facto, muitos não receberam nenhum tipo de apoio desde que regressaram às suas comunidades.
“As autoridades iraquianas, os seus parceiros internacionais e as Nações Unidas devem garantir que as antigas crianças-soldado yazidis usufruem de pleno acesso às reparações e assistência a que têm direito à luz da Lei dos Sobreviventes Yazidi (2021).
“Devem ainda cooperar em conjunto para estabelecer um Plano de Ação Nacional que obrigue a que todas as atuais e antigas crianças-soldado no Iraque, incluindo rapazes e jovens yazidis, sejam reintegradas na sociedade e lhes seja providenciado apoio coordenado, especializado e a longo prazo.”
Este documentário foi realizado em colaboração com a premiada produtora de documentários Fat Rat Films, e estará disponível em antecipação ao Dia Internacional contra o Uso de Crianças-Soldado, que se assinala a 12 de fevereiro.
Contexto
Entre 2014 e 2017, o EI cometeu crimes de guerra, crimes contra a humanidade, e aquilo que a ONU descreveu mais tarde como um genocídio contra a comunidade Yazidi no Iraque.
Em julho de 2020, a Amnistia Internacional publicou um relatório onde documentava a crise de saúde física e mental enfrentada pelas crianças yazidis que tinham regressado às suas famílias após terem estado reféns do EI. O relatório, Legado de Terror: A situação das Crianças Yazidis sobreviventes do EI, também referia a necessidade urgente de pôr fim à separação forçada de mulheres yazidis e das suas crianças nascidas da violência sexual por membros do EI.
Em novembro de 2021, a Amnistia Internacional reconheceu e a importância e aplaudiu os novos regulamentos aprovados pelo Parlamento iraquiano para implementar a Lei dos Sobreviventes Yazidi, mas relembrou que continuava a ser necessário mais trabalho para auxiliar plenamente os sobreviventes das atrocidades cometidas pelo EI.