E acrescentou, “Não há qualquer dúvida – podem falar com as instituições de caridade por todo o país que beneficiaram da generosidade da família Trump e eu estou muito, muito orgulhoso do seu registo de beneficência.”
No entanto, os repórteres de investigação do The Washington Post, que têm procurado nos últimos meses provas da sua generosidade, saíram de mãos vazias.
E afirmam que “de acordo com os registos de impostos da Fundação Donald J. Trump, desde 2008 que Trump não doa qualquer importância à sua própria Fundação. O jornal terá contactado mais de 250 instituições de caridade com ligações a Trump e apenas encontraram uma que, desde 2008, recebeu dinheiro directamente dele; a Police Athletic League de New York recebeu menos de 10.000 dólares de Trump em 2009 e não terá descartado a possibilidade de um erro contabilístico”.
Ao mesmo tempo que se torna cada vez mais claro que a fundação de Trump terá usado o seu nome enquanto doava dinheiro de outras pessoas, começam a levantar-se dúvidas sobre se ele usou os fundos da organização para si próprio e para os seus negócios.
Na terça feira, o Procurador Geral de Nova Iorque, Eric Schneiderman, que processou a Universidade Trump por alegada fraude, disse a Jake Tapper da CNN que o seu gabinete “está a investigar também a fundação Trump”.
“O meu interesse neste caso faz parte das minhas competências enquanto regulador das organizações sem fins lucrativos no estado de Nova Iorque e estamos preocupados que a fundação Trump possa estar envolvida em alguma irregulariedade, sob esse ponto de vista”, disse Schneiderman.
Os Democratas estão a pedir uma investigação federal a um donativo de 25.000 dólares feito pela fundação à procuradora-geral da Florida, Pamela Bondi, quando esta ponderava fazer uma investigação à Universidade Trump.
O Washington Post publicou ainda que “Trump ganhou um capacete dos Denver Broncos, autografado por Tim Tebow, numa angariação de fundos para beneficência, mas pagou-o com o dinheiro angariado, violando assim as regras do IRS. Do mesmo modo, a Fundação Trump pagou uma conta de 20.000 dólares por um retrato do seu presidente, com cerca de 2 metros de altura, que agora está pendurado num dos seus campos de golfe”.
Tudo isto coincide com os cada vez mais numerosos pedidos para que os candidatos mostrem as suas declarações de rendimentos.
Reid Hoffman, co-fundador da LinkedIn, prometeu dar 5 milhões de dólares aos veteranos, caso Trump apresente as suas declarações de impostos.
Um veterano de 26 anos, Peter Kiernan começou um campanha de crowdfunding no website CrowdPac a fim de doar 25,000 de dólares a instituições que apoiam os veteranos, caso Trump apresente as suas declarações fiscais, antes do debate de 19 de Outubro.
Num post na rede social Medium, Hoffman escreveu, “Devido ao potencial impacto que muitas das decisões de Donald Trump enquanto presidente possam ter nos seus próprios negócios, nunca foi tão importante que um candidato apresente as suas declarações de impostos”.
À medida que os media pedem provas dos donativos para obras de caridade, a equipa de Trump recusa os pedidos.
A chefe de campanha de Trump, Kellyanne Conway, acusou a imprensa de “molestar” o candidato e diz que duvida que “essas declarações fiscais que podiam provar quanto Trump gasta em donativos venham a se divulgadas para arrumar a questão”. E afirmou numa entrevista à CNN, “Donald Trump tem sido incrivelmente generoso ao longo da sua vida com o seu próprio dinheiro e com o da fundação que é também seu”. Conway afirmou que “a imprensa deveria estar a discutir questões mais importantes, tais como o impacto das políticas de impostos do candidato”.
Em Maio, o The Washington Post destacou 20 repórteres exclusivamente para investigar Trump que acusou o seu proprietário, o CEO da Amazon (AMZN) Jeff Bezos, de ter comprado o jornal “para exercer influência política e proteger a sua empresa de impostos”.
O repórter David Fahrenthold esteve no centro das investigações do jornal sobre os donativos de Trump para organizações de beneficência.
E ganhou prestígio por ter transformado o seu trabalho numa experiência envolvente e interactiva com os seus leitores.
Os seus seguidores, no Twitter, acompanharam cada etapa deste processo chegando a dar sugestões, ideias e mesmo informações. Ele partilhou online os seus apontamentos que informavam em detalhe o que foi apurando sobre cada instituição que contactava.
Na última semana, Fahrenthold foi entrevistado pela CNN, Propublica, The Takeaway e PBS sobre as suas conclusões (ou a falta delas).
Para os que se perguntam se os Clinton dão algum dinheiro para a fundação Clinton: de acordo com o The Post, os Clinton doaram 23,2 milhões, entre 2001 e 2015 e um quarto deste valor foi para a fundação Clinton.
Fonte: The Washington Post, CNN