Se há um nome que se destaca na história da música popular norte-americana pela quantidade e qualidade do acervo que deixou, genialidade na composição e capacidade de inovação quer neste campo quer na execução, pelo contributo inquestionável que deixou tanto ao jazz como à música em geral, esse nome é o de Edward Kennedy Ellington, aliás Duke Ellington.Nascido em Washington perto do final do século XIX (29 de Abril), na casa dos avós maternos. Os seus pais eram James Edward Ellington e Daisy Kennedy Ellington, dois negros filhos de antigos escravos. O seu pai era um desenhador da Marinha que, ocasionalmente, trabalhava como empregado de mesa na Casa Branca. Tanto o pai como a mãe eram pianistas em part-time e, por esse motivo, aos sete anos começou a ter lições de piano com Mrs. Marietta Clinkscales. A sua forma de tocar elegante, descontraída e confiante era comparada à atitude de um nobre e rapidamente se destacou junto da professora, levando os colegas a chamá-lo “Duke”.
No Verão de 1914, Duke frequentava a Armstrong High School de Washington, adorava basebol e vendia soda e amendoins no Poodle Dog Café. Apesar de ainda não saber ler nem escrever música, Duke compôs nesse Verão “Soda Fountain Rag” (ou “Poodle Dog Rag”), a sua primeira música. Embora tenha sido escrita de ouvido aos 13 anos, “Soda Fountain Rag” foi muitas vezes tocada por Duke ao longo da carreira.
Entre 1917 e 1919, Duke Ellington lança a sua carreira musical: trabalha arduamente durante o dia (como pintor de anúncios e office boy) e toca piano à noite. No final de 1917 forma a primeira banda (The Duke’s Serenaders) e dá o primeiro concerto, no qual ganha 75 cêntimos. Para além de Duke, a banda incluía Arthur Whetsol (trompete), Otto Hardwick (saxofone e baixo), Elmer Snowden (banjo) e Sonny Greer (bateria).
Em 1923 viaja para Nova Iorque, fixando-se no Harlem. Neste bairro nascia um movimento de renascença do jazz, pleno de swing, que atraía compositores, músicos e outros intelectuais negros, ávidos de explorar a cultura negra e a sua criatividade. Nesta altura os “Serenaders” passam a “Washingtonians” e aumentam o número de músicos de cinco para sete, passando a tocar regularmente no Hollywood Club em Manhattan. Duke é influenciado por músicos como Fats Waller, Sidney Bechet e Louis Armstrong, algumas das estrelas jazz do momento, embora a sua genialidade de composição passe cada vez despercebida na Big Apple.
Em 1924, Elmer Snowden sai do grupo, sendo substituído por Sidney Bechet. O virtuosismo de Bechet e o estilo aprendido na sua New Orleans natal cruzam da melhor maneira com a música de Duke, trazendo os “Washingtonians” para o topo da cena jazz nova iorquina. O passo seguinte surge em 1927, quando King Olivier não se entende com os managers do Cotton Club na renovação do contrato. Quebrado o acordo com Olivier o Cotton Club vira-se para Ellington e os “Washingtonians” passam a ser a banda residente do mítico clube do Harlem.
Duke fica no Cotton Club entre 1927 e 1931. Os anos da Grande Depressão, tenebrosos para a América, acabaram por se revelar excelentes para o desenvolvimento da sua criatividade musical e para a consolidação da sua reputação como compositor, músico e líder de orquestra. Aos “Washingtonians” sucedeu-se uma orquestra que chegou aos 12 elementos e que incluía, entre outros, Barney Bigard, Johnny Hodges, Sonny Greer, Cootie Williams e Bubber Miley.
São desta altura temas como “Solitude”, “Mood Indigo” e “In a Sentimental Mood”, entre outros. Começa também neste período a colaboração com Billy Strayhorn, compositor, letrista e arranjador a quem Duke muitas vezes se referirá com “o seu braço direito”. Esta colaboração só iria terminar com a morte de Billy em 1967.
Vídeos
Receba regularmente a nossa newsletter
Contorne a censura subscrevendo a Newsletter do Jornal Tornado. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.