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João de Sousa

Terça-feira, Julho 16, 2024

E agora, PS?

O Partido Socialista ganhou as eleições legislativas com uma votação que lhe foi favorável em quase todos os Distritos.

O resultado não foi o desejado por muitos dos socialistas que queriam uma maioria absoluta, mas foi o resultado pedido ao eleitorado pelo seu Secretário-geral António Costa que simplesmente pediu um reforço significativo de votos no seu partido que lhe permitisse governar sem condicionalismos terceiros. Até porque, segundo afirmou: “O eleitorado não gosta de maiorias absolutas”.

Pedido a que os cidadãos que votaram responderam afirmativamente.

Tendo conseguido essa maioria, são múltiplas as franjas para onde o Partido Socialista pode tentar lançar pontes no sentido de conseguir uma maioria absoluta abrangente:

  • Legislatura;
  • Pontual;
  • De regime;
  • Outras.

Simplesmente, um partido político é, para o eleitorado que nele votou, uma referência ideológica com um projeto de Governação a seu contento.

Não é um conjunto de pessoas que depois de eleitas se “marimbam” para as linhas gerais de orientação política da força política pela qual foram eleitos condicente com a filosofia política associada sobre que assenta a matriz da sua organização social assim como da distribuição da riqueza produzida em função dos valores de referência defendidos e apresentados em Programa Eleitoral para a Legislatura a que se propuseram e com o qual os seus eleitores se identificam.

Gorar essas expectativas tem repercussões políticas futuras. Circunstância que, creio, o saber político de António Costa, acautelará. Até porque o próprio admitiu ter o Partido Socialista uma vocação vincada de esquerda e de negociação

preferencial com toda a esquerda do espectro político partidário com representação parlamentar

É óbvio que, ao ter pedido ao eleitorado uma maioria relativa, o Partido Socialista de António Costa, – o rosto com dimensão nacional e por isso o principal responsável pelos compromissos assumidos – tendo por base o Programa Eleitoral sufragado assente em quatro desafios estruturais suficientemente divulgados:

  • As alterações climáticas;
  • As questões da demografia;
  • O combate às desigualdades;
  • A transição para uma sociedade digital.

Ficou assim, mediante a nova composição da Assembleia da República, a porta das negociações franqueada para as soluções de Legislatura que conseguir encontrar para viabilizar o seu Governo, tendo em conta as linhas gerais de orientação política acima enumeradas:

A pulverização do espectro político partidário é do agrado da democracia representativa proporcionada pelo método D’ Hondt, um método de quocientes, da expressão quantitativa de votos e de candidatos, passivo de eleição dispare pela aplicação da fórmula matemática que lhe serve de suporte.

Resulta também que tendo o número de eleitores tido um aumento significativo, mais de um milhão, num total de mais de 10,8 milhões de eleitores em 2019, sendo que, no ano de 2015, o úmero de eleitores foi e 9,4 milhões de eleitores, houve um acréscimo percentual superior a 10% de eleitores o que aumenta drasticamente o numero de cidadãos com capacidade eleitoral que se abstiveram de votar, 4,2 milhões, com um valor percentual de 45,5%. Uma franja de eleitores que tem vindo em crescendo e soma já o maior número de cidadãos que optam por não participar na escolha daqueles que na Assembleia da República decidirão da sua vida individual e coletiva com medidas políticas, mas que podem a qualquer momento intervir ativamente nas movimentações populares inorgânicas.

Urge por isso, repensar a educação e reposicionar a classe política com estatuto social e de Estado, na forma e no conteúdo.

Caberá também ao futuro Governo a responsabilidade de não descurar a educação como sendo o desafio dos desafios em uma Legislatura onde o comportamento social tenderá a ser tenso face ao histórico transitado de movimentações sindicais e avulsas a que acresce a transição para uma sociedade digital, uma transição complexa em que os prós e os contras aos interesses individuais e coletivos instalados se digladiarão em permanência e o bloqueio geracional tenderá a aumentar.

Neste contexto, a classe política não pode alhear-se das suas responsabilidades enquanto elite de uma sociedade em permanente mudança, parando no tempo de um tempo que já é passado.


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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