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Domingo, Novembro 17, 2024

E ainda os Capacetes Brancos

Beatriz Lamas Oliveira
Beatriz Lamas Oliveira
Médica Especialista em Saúde Publica e Medicina Tropical. Editora na "Escrivaninha". Autora e ilustradora.

James Le Mesurier era considerado um dos fundadores dos Capacetes Brancos, organização também conhecida como Defesa Civil da Síria, que supostamente ajuda a resgatar civis apanhados em ataques em áreas da Síria controladas pela oposição ao presidente Bashar al-Assad.

A 15 de Outubro de 2019, escrevi uma Crónica, título de “Os Capacetes Brancos andam por aí

James Le Mesurier era considerado um dos fundadores dos Capacetes Brancos, organização também conhecida como Defesa Civil da Síria, que supostamente ajuda a resgatar civis apanhados em ataques em áreas da Síria controladas pela oposição ao presidente Bashar al-Assad.

Era oficial do exército britânico na década de 1990, trabalhou com a força de manutenção da paz das Nações Unidas na ex-Iugoslávia.

Foi o diretor da Fundação Mayday Rescue, supostamente sem fins lucrativos. Três casamentos. Instabilidade emocional?

Ao que lhe parece, um bom homem pacífico e amante da paz?

Uma semana antes da morte de Le Mesurier, ele foi acusado no Twitter pelo Ministério das Relações Externas da Rússia, de ser um ex-agente do MI6 com “conexões com grupos terroristas”. A representante permanente do Reino Unido na ONU, Karen Pierce, descreveu Le Mesurier como um “verdadeiro herói”. Ela negou as acusações, dizendo que eram “categoricamente falsas. Ele era um soldado britânico”.

Le Mesurier foi encontrado morto em 11 de Novembro passado, na rua por debaixo da janela do seu apartamento na área de Beyoglu, em Istambul.

Porque vivia ele em Istambul?

Um exame post mortem constatou que a causa da morte foi “poli traumatismo por queda de grande altura”. Nenhum DNA pertencente a outra pessoa foi encontrado, acrescentou. Enquanto isso, o canal de notícias privado NTV disse que o relatório de toxicologia mostrou que Le Mesurier, 48 anos, havia tomado pílulas para dormir.

Segundo a última mulher, Emma Winberg, uma sueca, estaria deprimido.

A causa da morte é suspeita.

Um outro dos principais membros dos Capacetes Brancos foi morto numa prisão alemã.

Na verdade, Le Mesurier era um oficial dos serviços secretos e trabalhou ao longo de sua carreira na OTAN, no Afeganistão, Kosovo, Iraque e Líbano, e depois fundou os Capacetes Brancos na Síria.

Honra lhe seja pela escolha de carreira e de vida que terminou mal.

Em 22 de julho de 2018 Israel disse que realizou uma evacuação de membros do grupo de defesa civil dos Capacetes Brancos da Síria de uma zona de guerra no sudoeste da Síria. Cerca de 422 voluntários e familiares foram levados para a Jordânia pelas colinas de Golã, ocupadas por Israel, durante a noite. O Reino Unido, um dos países que solicitou a ajuda de Israel, saudou a operação e declarou-se pronto a ajudar na fase de nova procura de casa e de modo de vida. Os Capacetes Brancos consideravam-se como uma força de trabalho voluntária que atuava para salvar as pessoas nas zonas de guerra da Síria.

Agora a 7 de janeiro de 2020 inopinadamente os EUA anunciam, pela voz do embaixador dos EUA James Jeffrey, mais apoio aos Capacetes Brancos na Síria. O famoso grupo com atividades mais do que controversas em áreas controladas por terroristas da Síria, que muitos pensavam estar em dissolução. Os USA tencionam reativá-los? Quantos elementos ainda haverá na Síria? Ou na imaginação dos serviços da Casa Branca?

Os Capacetes Brancos são vistos na Síria como parte integrante de vários grupos terroristas que trabalham na confabulação de histórias falsas sobre os acontecimentos na Síria que permitiram intervenção estrangeira no país.

Todos as ações deste grupo são preparados e realizados por serviços secretos estrangeiros incluindo serviços turcos, difícil é saber quais.

Todas parecem ser ramificações da principal agência, a CIA.

Todas trabalham sob as ordens de um condutor de orquestra em coordenação e em harmonia uns com os outros. Os Capacetes Brancos são mais do mesmo. Ninguém na Síria acredita nos golpes de relações públicas desta desacreditada organização.

Já em Dezembro de 2017 o The Guardian reconhecia que apesar de um olhar internacional positivo sobre os Capacetes Brancos, havia uma contra-narrativa promovida pelas redes sociais com notícias alternativos contrárias à “agenda para HSH”. Considerava que alinhados com as posições da Síria e da Rússia e atraindo uma enorme audiência on-line, amplificada por personalidades famosas, aparições na TV estatal russa e um exército de Twitters.

“A maneira como a máquina de propaganda russa olha os Capacetes Brancos é um caso interessante nas guerras da informação predominantes. Expõe como boatos, teorias da conspiração e meias-verdades que chegam ao topo dos algoritmos de busca do YouTube, Google e Twitter.”

Enfim, narrativas!!

“Este é o coração da propaganda russa” queixava-se o The Guardian. Trata-se de confundir cada questão com tantas narrativas que as pessoas não conseguem reconhecer a verdade quando a veem ”, disse David Patrikarakos, autor de “Guerra em 140 caracteres”.

“Como os órgãos de comunicação social estão a fazer a narrativa dos conflitos no século XXI”

Patrikarakos editor colaborador do Daily Beast e escritor colaborador do Politico Europe.

Tantas narrativas e tanto trabalho para as decifrar!






Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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