Diário
Director

Independente
João de Sousa

Sábado, Novembro 2, 2024

“É preciso acabar com a violência doméstica para sempre”, diz dirigente da CTB

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

O Brasil que já é um dos países com maior número de crimes relacionados a questões de gênero, assiste a um crescimento assustador da violência doméstica em meio ao isolamento social para impedir a disseminação acelerada da Covid-19.

De acordo com a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, em abril houve um aumento de 28% de denúncias de agressões a meninas e mulheres dentro de casa.

“Num país onde uma mulher é agredida a cada dois minutos, ver esse número crescer apavora e aumenta a nossa responsabilidade em exigir medidas para pôr fim a esse tipo de crime”, afirma Celina Arêas, secretária da Mulher Trabalhadora da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Celina ressalta a inoperância do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandando por Damares Alves. “A única coisa que o ministério fez até agora foi lançar um curso online para, teoricamente, ensinar as mulheres a se defenderem, quando a sua obrigação é efetivar medidas de proteção, acolhimento das vítimas e punição dos agressores”.

Aliás, segundo a repórter Lola Ferreira, da Gênero e Número, a ministra utilizou somente R$ 2.259, até 27 de maio, dos R$ 45 milhões destinados pela Medida Provisória 342 para o combate à Covid-19.

Para superar essa dura realidade, o Congresso age para cobrir a lacuna deixada pela inépcia do desgoverno Bolsonaro. Tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei (PL) 2013/2020, da deputada Alice Portugal (PCdoB-BA).

“A violência contra a mulher cresceu de forma assustadora durante a pandemia. Na Bahia, dados da Central de Atendimento à Mulher (Disque 180) apontam que o número de denúncias de violência contra as mulheres cresceu 54% no estado”, alega a deputada. “A aprovação deste projeto é urgente. Precisamos assegurar maior proteção às mulheres e seus filhos”.

Já que o relatório “Violência Doméstica durante a Pandemia de Covid-19”, produzido pelo Banco Mundial e atualizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta para um crescimento de 22,2% nos casos de feminicídio no país entre março, quando começou a quarentena, e abril.

O relatório mostra ainda que o número de feminicídios subiu de 117 para 143, no mesmo período. No Acre houve crescimento de 300% e em São Paulo as chamadas à Polícia Militar sobre violência doméstica cresceu 44,9% em março em comparação com o mesmo mês de 2019.

Também para conter o avanço da violência doméstica, na quarta-feira (3), o Senado aprovou uma proposta que torna essenciais as medidas de enfrentamento à violência doméstica e outros tipos de violência cometidas contra mulheres, crianças, adolescentes, pessoas idosas e pessoas com deficiência durante a emergência de saúde pública em vigor.

Trata-se do substitutivo da senadora Rose de Freitas (Podemos-ES) ao PL 1.291/2020, da deputada Maria do Rosário (PT-RS) com outras 22 integrantes da bancada feminina no Congresso. A matéria retorna para apreciação da Câmara dos Deputados, já que alterações foram feitas pelo Senado.

“O movimento feminista precisa pressionar de todas as formas para que as medidas de proteção e acolhimento das vítimas de violência doméstica sejam efetivadas na prática”, assinala Kátia Branco, secretária da Mulher da CTB-RJ.

Para ela, “é necessário ações rápidas para conter a violência contra meninas, mulheres e crianças nesse período de isolamento” e continuar a mobilização com unidade porque “é preciso acabar com a violência doméstica para sempre”.


Texto em português do Brasil


Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a Newsletter do Jornal Tornado. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

 

Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a nossa Newsletter. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

- Publicidade -

Outros artigos

- Publicidade -

Últimas notícias

Mais lidos

- Publicidade -