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Quarta-feira, Janeiro 22, 2025

A economia do cuidar

Paulo Vieira de Castro
Paulo Vieira de Castrohttp://www.paulovieiradecastro.pt
Autor na área do bem-estar nos negócios, práticas educativas e terapêuticas. Diretor do departamento de bem-estar nas organizações do I-ACT - Institute of Applied Consciousness Technologies (USA).

À espera de coisa nenhuma…Esta ideia aplica-se a tudo o que é realização do homem, pelo que também a economia, a política, a religião, os negócios, terão de empreender tal transformação.

Do mesmo modo a riqueza dos países não se deverá medir pelo P.I.B., mas sim através daquilo a que eu chamo o Bem-estar Integral dos Povos (B.I.P). Só assim garantimos que essa riqueza chegue para todos,…

Frequentemente encontro pessoas que me dizem estar à espera de um sinal, algo que lhes diga onde, porque ou como mudar. Nos nossos dias, a mudança , a transformação sem esforço tornou-se no mais atractivo dos negócios.

Perante esta inquietação, geralmente respondo: estás enganado! O mundo espiritual, o transcendente, Deus se quiseres,…, é que está à espera de um sinal teu, por isso te deixou livre, por isso te deu total liberdade para escolheres o teu próprio caminho. E, isto aplica-se a organizações, às pessoas, às equipas…

Reza o mais que puderes, mas nunca deixes de remar!

Preocupa-me pensar que há quem gaste uma vida inteira nesta expectativa de ser tocado pelo divino. Pela minha parte acredito que o mundo só muda se eu mudar, não tenho por que ou por quem esperar…

É pois nessa escolha de caminho que reside a honra de ser humano e, consequentemente, a atitude de cuidar. Não há nada que melhor defina uma pessoa que aquilo que ela faz quando tem total liberdade de escolha.

E, porque aquilo que faço e o que me acontece são uma e a mesma coisa, o transcendente, o encontro com Deus,…, não poderá ser um mero momento de contemplação. A espiritualidade, a religião, a consciência,…, são acção prática! Como prova do que acabo de afirmar trago uma velha história. Então…

Perante uma terrível inundação, não tendo mais para onde ir, um homem esperava no alto de um telhado que o libertassem de tal tormenta. O nível das águas não parava de subir. Apesar de assustado e exausto, em nenhum momento deixou de rezar.

De repente viu uma luz ao longe. Era uma frágil embarcação. Do seu interior um homem vociferou: vem! Eu levo-te para terra firme!

Equilibrando-se com manifesta dificuldade, pese embora se mostrasse agradecido, gritou: eu sempre fui temente a Deus. Eu sempre dei o melhor exemplo. Eu sempre lhe prestei contas de tudo o que fiz. Eu fui o melhor dos seus seguidores. ELE não me abandonará!

O barco foi-se embora. Depois deste vieram mais dois. E, foi assim que após três tentativas frustradas de salvamento o nosso herói foi levado pelas águas em fúria.

Indignado, uma vez chegado do outro lado, pediu para falar com Deus. Na sua presença, depois de fazer a retrospectiva da sua vida de santidade e préstimo, concluiu amarguradamente: depois de tudo isto, tu abandonaste-me…

Surpreendido, Deus franziu a testa e perguntou atónito: e os três barcos?!

Este é um exemplo como a espiritualidade, ou se quiserem a religiosidade, a consciência superior, se apresenta perante nós todos os dias, cuidando de nós, sem que disso tiremos a devida lição.

Talvez por isso muitos são os que estão “à espera que algo aconteça”. Nas organizações, nas equipas, esta ideia é bem mais presente do que imaginamos…

O compromisso, a responsabilidade é de todos, nunca é apenas do comando, das chefias, dos professores, dos superiores! E tudo isto, todo este processo se resume, uma única palavra: cuidar.

A Empresa Humana

As revoluções não acontecem pela fome nem pela miséria, elas são sempre fruto de uma nova consciência. O medo, o sofrimento, a dor, o ego, são forças que contaminam a nossa realidade, impedindo-nos de expressar a consciência de nós próprios em tudo o que realizamos. Esta é, sem margem para dúvidas, a maior de todas as crises!

Mudar o mundo que aqui lhe trago é um esforço que não depende de estratégias de guerra, muito menos de um qualquer enigma, nem tão pouco dos mercados financeiros, apenas do recentrar em torno desta ideia de CUIDAR. A Economia do Cuidar…

Lembro que a crise presente, em especial a económica é, mais que qualquer outra, resultado do nosso desamor. Assim como na vida, também nas organizações nos deveremos centrar essencialmente no cuidar a alma da relações. Só isso bastaria para resolver todas as guerras, todos os ódios, …

Cuidar tornou-se a palavra mais esquecida do competitivo mundo das empresas e, talvez por isso, das nossas vidas.

Ao introduzirmos o cuidar em contexto dos negócios, passamos a perceber todas as relações do ponto de vista do paradigma quântico, tendo em conta a capacidade de níveis mais subtis da vivência humana (natural) interferirem (interdependendo) na criação de realidades multidimensionais inconscientes.

E, com isso, aumentarmos a proximidade real, autêntica, entre todos os seres do planeta.

Também nas empresas, cuidar é poder existir, ter novamente esperança, promovendo condições de reciprocidade, cooperação e aceitação plena. Esta transformação será um elemento de distinção na construção de uma nova forma de ver o mundo com base em novos questionamentos.

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