Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito presidente do Brasil neste domingo (28). O representante da extrema-direita já havia anunciado em seu plano de governo que não tem interesse em manter e fortalecer os mecanismos de integração regional da América Latina. Ontem, apenas os presidentes da Argentina, Chile, Paraguai e Peru o cumprimentaram pela eleição, o que mostra enfraquecimento no processo que foi construído ao longo das últimas duas décadas na região.
Com a Argentina sob a maior crise econômica dos últimos quinze anos, Maurício Macri felicitou Bolsonaro “pelo triunfo no Brasil” e disse que espera uma boa relação entre os dois países para o “bem estar de argentinos e brasileiros”.
Em mais de uma ocasião, Bolsonaro atacou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, país com o qual o Brasil cultivou boas relações nos últimos anos principalmente pela questão estratégica econômica, uma vez que se trata da segunda maior reserva de petróleo do mundo.
O Peru também passa atualmente por uma crise política grave após o presidente eleito, Pedro Pablo Kuczynski, renunciar ao cargo. O atual chefe de Estado, Martín Vizcarra, cumprimentou Bolsonaro. Desejo os maiores êxitos em sua gestão. Expresso minha disposição de trabalhar juntos para aprofundar nossa fraterna relação bilateral”.
Já no Paraguai, que sofreu um golpe de Estado anos antes do Brasil, em 2012, quando o presidente Fernando Lugo foi deposto, Mário Abdo Benítez também demonstrou interesse em trabalhar com Bolsonaro pela integração das nações. Os dois países compartilham a usina hidrelétrica de Itaipu Binacional, a maior do mundo em geração de energia. Para o povo paraguaio, é fundamental que capitão da reserva esteja disposto a manter uma negociação amigável com relação à questão energética.
Queremos trabalhar juntos por democracias mais sólidas na região, com instituições fortalecidas e sempre buscando a prosperidade de nossos povos”.
Do Chile, Sebastián Piñera também usou o Twitter para enviar felicitações a Bolsonaro. Felicito ao povo brasileiro por uma limpa e democrática eleição. Felicito a Jair Bolsonaro por seu grande triunfo eleitoral. O convido a visitar o Chile e estou seguro de que trabalharemos com vontade, força e visão de futuro em favor do bem-estar de nossos povos”.
A direita chilena se mostrou muito empolgada com a eleição de Bolsonaro nos últimos meses. O guru econômico do capitão da reserva, Paulo Guedes, é um dos Chicago Boys, economista formado na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, com base nos princípios neoliberais.
Os Chicago Boys foram os responsáveis pela implementação do neoliberalismo no Chile durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973 – 1990), agenda que até hoje prejudica a população chilena, principalmente os mais pobres.
No Brasil, Guedes tem a intenção de priorizar o mercado em detrimento das áreas sociais e deve aplicar uma política tão dura quanto foram os anos de chumbo chilenos. O país até hoje não conquistou educação pública gratuita integral, o sistema de transporte, a água e a previdência social são privatizados. Há pouco mais de dois anos o sistema previdenciário privado fez explodir uma crise econômica ao não ter orçamento para pagar as pensões a todos os contribuintes.
Por Mariana Serafini | Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado
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