Depois de New Hampshire, os pré-candidatos às presidenciais dos EUA focam-se nas eleições no estado da Carolina do Sul. Os dois principais rivais do Partido Democrático, Bernie Sanders e Hillary Clinton, esforçam-se por agregar apoios e conquistar votos à medida que se aproxima a data desse escrutínio.
A propósito dessa nova batalha eleitoral, o site Democracy Now convidou a congressista do Partido Democrático Barbara Lee para comentar as estratégias dos rivais.
Hillary Clinton desdobra-se em encontros para conquistar o apoio da comunidade afro-americana, e a esperança da sua equipa é a de que o Congressional Black Caucus desta semana se declare por unanimidade a favor de Clinton.
Um revés inesperado para a candidatura da ex-primeira-dama foi o facto do escritor e jornalista Ta-Nehisi Coates ter declarado apoiar Sanders. O escritor alegou que, apesar de ter evitado revelar o sentido de voto, escolheu o senador do Vermont “porque o meu filho me influenciou” e porque apesar de “dever ter políticas anti-racistas mais explícitas na sua reforma de justiça racial”, ainda assim “pode ser a melhor opção que temos na corrida”.
Por sua vez, Sanders visitou o reverendo e activista Al Sharpton, que revelou ter confrontado o pré-candidato de forma directa sobre vários assuntos visando a violência contra os afro-americanos, e que Sanders aceitou encontrar-se com os líderes das organizações dos direitos civis. Sharpton reservou uma declaração de voto para depois de encontros posteriores, incluindo uma reunião com Hillary Clinton.
A comentadora e congressista Barbara Lee esclareceu que existem diferenças entre o Congressional Black Caucus e o Congressional Black Caucus PAC: o primeiro tem assembleias eleitorais para discutir políticas e pontos de vista, de forma a enviá-las para a House of Representatives (órgão legislativo das duas câmaras do Congresso); este último visa aumentar a influência de afro-americanos no Congresso, fazendo eleger membros de origem negra ou membros de outras etnias que partilhem os interesses dos afro-americanos.
Lee exigiu a ambos os candidatos que sejam claros nas questões levantadas por Al Sharpton e sublinhou a importância de chamar mais pessoas a votar, sobretudo os jovens. “Não podemos ter um presidente republicano na Casa Branca”, enfatizou. A congressista diz que o seu apoio público não é muito importante, ao contrário de alguns membros da comunidade afro-americana, preferindo falar na decisão popular: “penso que temos de deixar o povo falar, deixar a democracia funcionar como devia e encorajar as pessoas a irem votar”.
Barbara Lee concorda com os temas que estão na agenda da campanha, mas gostaria de ver abordadas outras questões; as alterações climáticas, de erros e crimes ambientais; as desigualdades salariais, lembrando que a desigualdade racial está intrinsecamente ligada a esta questão; as questões da educação e da formação profissional, uma vez que existem novos horizontes no campo tecnológico que podem ser uma via profissional para muitas pessoas.
Enumerando as questões que entende pertinentes, Barbara Lee continua: a habitação para todos a um custo controlado, seja em áreas urbanas ou áreas rurais; a redução do orçamento para a defesa, classificando de “obscena” a quantia destinada a operações fora de território norte-americano (mais de 600 biliões de dólares) e defendendo um corte de financiamento, alegando que é tudo “baseado no medo a Putin” e que “existe muito desperdício, fraude e abuso” nesse orçamento, onde os contratos incluem sistemas “para uma era de guerra fria que já não existe”; prisões massivas, maus comportamentos por parte da polícia e a reforma do sistema criminal; e o alargamento do espectro de participação dos eleitores.