A greve dos metalúrgicos de 1979, no filme de Leo Hirszman
Além de seu valor artístico e estético, o filme registra, através da história fictícia sobre a relação entre o operário e líder sindical Otávio e seu filho, o jovem operário Tião, a vida operária e a ocorrência da greve dos metalúrgicos de São Paulo em 1979, no período final da ditadura militar no Brasil (1964/1985).
O momento era apropriado. O Brasil vivia as grandes greves operárias do final da década de 1970, que colocaram em xeque o projeto de abertura controlada da ditadura militar. O novo protagonismo operário foi fundamental para a derrota da ditadura.
O filme é baseado na peça homônima de Gianfrancesco Guarnieri, que havia estreado no Teatro de Arena, em São Paulo, em 1958. Mas a luta operária, que muda de acordo com as circunstâncias históricas de cada época, permanece a mesma em seus traços essenciais, e reproduz contradições semelhantes.
O tema de Eles Não Usam Black-tie é a luta de classes, a exploração da mão de obra e a velha contradição entre o capital e o trabalho, mostrando vidas em que o trabalho pesado e o dinheiro escasso dão base para a história. E também a contradição que existe na luta operária; no filme, por exemplo, ela gira em torno da relação entre o operário, dirigente sindical e líder grevista Otávio, e seu filho, o jovem operário Tião. Um fura-greves submetido à lógica patronal.
Eles não usam Black-tie
País: Brasil, 1981
Direção: Leo Hirszman
Elenco: Gianfrancesco Guarnieri, Fernanda Montenegro, Carlos Alberto Riccelli, Bete Mendes
Do livro “O mundo do Trabalho no cinema”, publicado por Centro de Memória Sindical
Texto em português do Brasil