Em 2010 a Savoy Records lança “Timeless Eliane Elias”, uma compilação de temas retirados de discos seus dos anos 80, como “Illusions” e “Cross Currents”. No final de 2010 deixa de novo a Blue Note e assina com a Concord, lançando “Light My Fire” na primavera de 2011. No ano seguinte, Eliane e o marido Marc Johnson gravam em duo “Swept Away”, para a ECM e em 2013 lança “I Thought About You”, um disco de homenagem ao trompetista e vocalista Chet Baker. Em 2015 Elaine lamça “Made in Brasil” um disco de celebração e homenagem às suas raízes brasileiras. Seguiu-se uma tournée mundial com grande sucesso, que foi determinante para ela ganhar em 2016 o seu primeiro Grammy para melhor álbum de jazz latino.
Em março de 2017, Eliane lança “Dance of Time”. Para além da sua seção rítmica, com Marcello Mariano no baixo e Edu Ribeiro na bateria, a lista de convidados é impressionante e inclui João, Bosco, Toquinho, Randy Brecker, Mike Manieri, Mark Kibble, Amilton Godoy, Conrado Goys, Marcos Teixeira e Celso de Almeida. Muitos pesos pesados do samba para executar um alinhamento baseado em clássicos com “O Pato”, “Copacabana” ou “Sambou Sambou”. Logo após o seu lançamento, “Dance of Time” alcançou rapidamente o primeiro lugar dos tops de jazz latino e world music. Em novembro desse ano, a Academia premiou o disco com um Grammy Melhor Álbum Latino de Jazz, o segundo da carreira de Eliane e logo no ano seguinte ao primeiro.
Entretanto, durante os anos 90, Eliane fora abordada por Mitch Leigh, compositor do musical “Man from La Mancha”. Mitch admirava a sua música e contratou-a para reorganizar, tocar e gravar um novo álbum em torno deste musical. Elaine teve total liberdade criativa para esta encomenda, incluindo a escolha das músicas que queria interpretar. O disco foi gravado em 1995, no The Power Station, em Nova Iorque. Eliane foi acompanhada por duas seções rítmicas, uma com Eddie Gomez no baixo e Jack DeJohnette na bateria, outra com Marc Johnson no baixo, Satoshi Kateishi na bateria e Manolo Badrena na percussão. As vozes foram gravadas no estúdio por Eliane e os seus filhos gravaram ao vivo no estúdio, centradas em nove músicas do musical. A música foi misturada também em Nova Iorque, no estúdio de Leigh, registadas quase todas ao primeiro take. Por questões contratuais o disco ficou esquecido mas, após a morte de Mitch em 2014, a Concord publicou-o em abril de 2018, 23 anos depois de ter sido gravado.
Compositora profícua, pianista virtuosa e cantora de voz suave, Eliane combina o melodismo sensual e ensolarado do Brasil com a sofisticação harmónica da cidade de Nova Iorque. Com uma carreira de quase 40 anos, 26 discos editados e 2 Grammy obtidos para melhor disco de jazz latino, esteve este mês de novo em Portugal, para quatro espetáculos em Lisboa, Porto, Aveiro e Figueira da Foz, três anos após a sua anterior atuação no Centro Cultural de Belém. Tive a felicidade de a ver atuar em 2016 em Lisboa e recentemente no Porto, no belo cenário da Casa da Música. A voz, a melodia, o sentimento, a simpatia, está tudo lá. O glamour cosmopolita liga na perfeição com o sorriso cativante, a interação com o público delicia os presentes e a música, sempre a música como elo intemporal de ligação entre culturas. Um amigo meu chama-lhe “mestiçagens”, como que a dizer que para lá dos dialetos que cada um use a música é e será sempre a grande linguagem universal.
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Por opção do autor, este artigo respeita o AO90
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