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Sábado, Dezembro 21, 2024

Em meio a protestos, chilenos resgatam Victor Jara e Violeta Parra

Tudo começou com o aumento do transporte público e de repente milhares estavam nas ruas do Chile. O presidente Sebastián Piñera decretou toque de recolher depois que as manifestações cresceram. Toda retirada de liberdade é sempre recebida com indignação, mas a resposta de uma cantora anônima surpreendeu. No lugar de bater panelas, ela soltou a voz e foi ovacionada pela vizinhança. A música é Gracias a la Vida, de Violeta Parra.

Considerada a pedra fundamental da Canção Nova chilena, importante movimento dos anos 1960, Parra não só compôs como também cantou e divulgou a cultura do país. Foi regravada por nomes como Joan Baez, Merdecedes Sosa e Milton Nascimento. Antes de cometer suicídio, a cantora também incentivou o compatriota Victor Jara.

Na segunda-feira (28), os atos chegaram ao 11º dia. Após a reunião de mais de 1 milhão de pessoas em Santiago, o presidente Piñera pediu que seus ministros entregassem o cargo. Em uma dessas manifestações, dezenas de violonistas se juntaram para tocar El Derecho de Vivir en Paz, de Victor Jara. Aos instrumentos somaram-se as vozes de milhares de pessoas que estavam protestando.

Jara era um militante comunista, professor e, assim como Violeta Parra, um dos mais importantes cantores e compositores do Chile. Foi ativo na luta contra a ditadura de Augusto Pinochet – até ser preso, torturado e assassinado. Teve as mãos esmagadas a coronhadas para não poder voltar a tocar. Em 2018, oito ex-militares foram condenados pelo assassinato do cantor.

A canção El Pueblo Unido Jamás Será Vencido, do grupo Quilapayún, também foi resgatada nas atuais manifestações. Criada originalmente durante a campanha do socialista Salvador Allende, em 1970, a música virou um hino de resistência contra a ditadura Pinochet. A banda também faz parte da geração da Canção Nova e fez parcerias com Victor Jara. Nas manifestações deste histórico outubro chileno, uma orquestra fez uma versão ao ar livre de El Pueblo Unido Jamás Será Vencido.

Com a revolta chilena atual, surgiu um novo interesse nas canções de protesto. El Derecho de Vivir en Paz entrou no primeiro lugar das 50 músicas virais do Chile, no Spotify, e Vientos del Pueblo ficou na 36ª posição. A procura pelos dois cantores no Google também cresceu, tanto no Chile quanto no Brasil.


Texto original em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado

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