Ontem o escritor Luis Torres comemorou a visita do seu aniversário. Embora nenhum deles estivesse presente, acham os mais próximos que é a 42ª vez que o faz.
Desta vez para o receber condignamente convidou Laurie Anderson para que todos no bar cantassem «Born, never asked»
O escritor Luis Torres, às tantas, disse aos cerca de cinquenta presentes, mas sobretudo à namorada:
– Adeus, vou-me embora, vou-me pelos meus próprios pés, vou herdar ruínas e levantar cidades, e vou até ao mar alto, pois mais vale andar por lá que pelas bocas do mundo.
– Adeus, vou vencer as guerras que forem necessárias para ter um bocadinho de paz.
E disse e disse e disse Luis Torres tanta coisa, debaixo da chuva de espumante vindo de Espanha, que acabou por cair numa imensidão.
O aniversário pegou nele, foi pedindo licença às pessoas, que os deixassem passar, que o escritor estava exausto.
A namorada que assistiu sorridente a tudo isto, disse e disse:
– ‘Tá bem, adeus, não demores!
O resto da maioria dos presentes, igualmente perdidos de bêbados, ficou ali a pensar, se é que se pode chamar pensar a isso.
Não se estranhou, portanto, que mal o Luis Torres saiu do bar no colo do seu aniversário, das diversas formas de aplausos a que já se assistiram, estas foram das piores ensaiadas.
Estava ali a fina flor dos patifes.
Escolhidos a preceito para o discurso do escritor.
Até a namorada fora um engate do dia.