Quando pensamos em Ralph Fiennes lembramo-nos de O Paciente Inglês, A Lista de Schindler, O Grand Hotel Budapest ou em breve, em The Bigger Splash, dos manos Coes, mas também teatro, muito teatro, Shakespeare, Chehkov, Beckett… E Bond.
Durante mais uma passagem pela capital russa, onde Ralph Fiennes tem vários amigos, percebeu-se que é conhecedor das novelas de Fleming. À imprensa local, sublinhou que participava no projecto com muita honra. “Eu sei o que é Spectre porque li os livros do Ian Fleming. No fundo, é o sinónimo do terrorismo e da obtenção de informação de forma desonesta. Eu sabia isso desde que era adolescente. Por isso, o convite para participar neste projecto foi como voltar à minha juventude”, referiu o actor britânico.
Mesmo assumindo a escala da dimensão, o actor de 53 anos assume que “o tempo é a maior riqueza. Mais do que o dinheiro”. Até porque Fiennes conhece bem o trabalho de realização. “Para se fazer um projecto como Spectre, um realizador precisa do tempo. Comecei a trabalhar em Dezembro passado mas o tiroteio acabou em Julho.”
O actor que deu corpo à mítica personagem de Voldemort na saga Harry Potter vai agora abraçar o desafio de participar em The LEGO Batman Movie, dando voz à personagem de plástico Alfred Pennyworth. E apesar da sua enorme experiência como actor, soube distinguir os méritos próprios de uma produção à “escala de 007”. “Os produtores de 007 fazem isto há muitos anos”, sublinhou. “E sabem bem como se trabalha a alto nível”, guardando o maior elogio para Sam Mendes: “Com ele percebemos como abraça todos os actores e os envolve no processo criativo. Eu que já estava habituado a trabalhar num grande projecto como a franchise Harry Potter senti-me como uma pequena parte do mecanismo. Aqui, ao contrário, não temos esse sentimento, somos muito mais do que um pequeno parafuso de uma grande máquina”.
É claro que não é possível falar sobre este Bond sem falar sobre política. “O Spectre é uma história política”, reconhece Ralph. Segundo ele, “Sam Mendes aborda o desejo de uma potência mundial”. De certa forma, com a personagem de Christopher Waltz, ele fez uma comparação com Hitler, explorando até o facto de ser austríaco e de a sua personagem ter também muitos complexos e ressentimentos. Na verdade, um desejo de controlar o mundo que cresce de um egoísmo e orgulho ofendido. Digamos que, de certa forma, depois de vermos este filme acho que conseguimos olhar de uma maneira diferente as pessoas que anseiam pelo poder. E compreendemos até melhor que o poder não é nada porque não traz prazer e apenas nos destrói por dentro.
[…] Entrevista a Ralf Finnes, por Ariuna Bogdan, em Moscovo: “Nunca me senti como parte do grande mecanismo“ […]