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Quarta-feira, Novembro 20, 2024

Enviado americano agredido no aeroporto por um deputado congolês

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Tom Perriello, enviado especial dos Estados Unidos ao Congo foi vítima de agressão verbal enquanto aguardava pelo seu voo na sala VIP do aeroporto de Kinshasa.

Dois homens visivelmente enraivecidos entraram na sala: o deputado congolês Déo Engulu, do partido de Joseph Kabila, o PPRD (Partido do povo para a reconstrução e a democracia), e o ministro da Comunicação e porta-voz do governo da República Democrática do Congo, Lambert Mende.

Déo Engulu  chamou o diplomata à parte, com violência, gritando

“Não são os Estados Unidos que nos dizem o que fazer no Congo”

Engulu insultou e ameaçou violentamente Tom Perriello. O pessoal da segurança do aeroporto actuou rapidamente e evacuou o americano directamente para a pista do aeroporto, para um voo regular da Air France. O representante do povo congolês perseguiu o diplomata americano, cobrindo-o de injúrias. Segundo testemunhas, Déo Engulu quase o agrediu.

Os Estados Unidos não querem Kabila

O incidente é, sem dúvida, revelador das tensas relações entre a República Democrática do Congo (RDC) de Kabila e os Estados Unidos que veriam os seus interesses na RDC nas mãos de outros.

Em Maio, o chefe da diplomacia americana John Kerry, após um encontro com o presidente em exercício Joseph Kabila, já o tinha censurado ao declarar que o chefe de Estado congolês devia renunciar à luta pelo terceiro mandato. «Creio que sabe que os Estados Unidos estão convencidos que o processo constitucional deve ser respeitado» e, em linguagem muito diplomática, estimava que o secretário de Estado tinha desbloqueado cerca de 30 milhões de créditos destinados a garantir «eleições transparentes e credíveis» no Congo.

O porta-voz do Departamento de Estado americano, John Kirby, condenou o comportamento do deputado congolês, ao denunciar « a agressão verbal» e «a obstrução física» de que foi alvo o enviado americano.

Dezenas de civis e polícias mortos e queimados vivos em Kinshasa

confrontos-congoTom Perriello deslocou-se a Kinshasa com o objectivo de manifestar o apoio dos EUA a Kabila, o presidente ainda em exercício, apelar para a necessidade da realização de eleicções e para o respeito pelo processo constitucional, na sequência de notícias dando conta de violentos confrontos em manifestações de protesto promovidas por opositores de Kabila.

Entre 17 e 50 pessoas foram mortas em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, nas manifestações em massa, a 19 de Setembro, contra o presidente Joseph Kabila, que juntaram milhares de pessoas nas ruas da capital, e resultaram em violentos confrontos entre a população e as forças de segurança.

Tanto ONG’s como a oposição acusaram a polícia de ter usado gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes antes de abrir fogo. Perante o agravamento da situação,os manifestantes lançaram fogo a viaturas e instalaram barricadas nas ruas. As forças da ordem foram também vítimas destes desmandos. Um polícia foi queimado por uma multidão enfurecida, como represália pelos disparos.

Segundo a AFP, que cita a oposição, pelo menos 50 pessoas foram mortas, reforçando assim o movimento de protesto. O governo estima terem havido 17 vítimas, três polícias e 14 civis.
Uma testemunha que pediu anonimato disse ao jornal IBTimes que os alvos eram sobretudo dirigentes da oposição.

“Há dezenas de feridos, entre eles o conhecido chefe da oposição Fayulu que, por pouco, podia ter sido morto.”

Ainda segundo a AFP, a sede do principal partido da oposição, a União para a democracia e progresso social (UDPS), foi incendiada. Uma jornalista desta agência viu dois corpos carbonizados, duas outras pessoas queimadas vivas e um homem gravemente ferido. Bidons de gasolina no local eram a prova do carácter criminoso do incêndio.

Os manifestantes saíram à rua em resposta a um apelo dos partidos da oposição. As eleições marcadas para Novembro de 2015 foram desconvocadas pelo governo que invocou problemas logísticos. Para a oposição, foi uma tentativa do presidente para se manter no poder.

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