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Domingo, Novembro 3, 2024

Erdogan instaura Guerra Civil na Turquia

hdp

Deputados do Partido turco Democracia do Povo (HDP), pro-curdo, foram detidos pela polícia, na manhã de quinta-feira. A detenção dos doze deputados do HDP, incluindo os seus vice-lideres de bancada, Selahattin Demirtas e Figen Yuksekdag, ocorreu na sequência das acções contra o PKK.

O motivo das prisões foi a recusa de depor nas investigações sobre “as suas actividades na propaganda terrorista”. Demirtas, perante o tribunal, recusou-se a responder às perguntas, dizendo “não ser uma marioneta neste teatro armado judicial.” Foi preso logo após esta declaração.

O HDP é o terceiro maior partido no Parlamento e, nas eleições gerais do ano passado, obteve mais de 10% dos votos.

Condenação

As detenções mereceram a rápida condenação por parte de Kemal Kilicdaroglu, o lider do principal partido da oposição, o Republican People’s Party (Partido Popular Republicano), que, avisou, conduziriam o país para um caminho perigoso. Ankara enfrentou uma forte crítica por parte da União Europeia (UE) e dos países europeus e Sinclair Webb da Human Rights Watch avisou que a história corre o risco de se repetir.

“Vimos isto, em 1994, com a prisão de 4 membros do Partido Curdo”, disse Webb. “Passaram os 9 ou 10 anos seguintes na cadeia. Isso causou um profundo retrocesso na trajectória da democracia parlamentar e, agora, aparentemente, voltamos a essa situação. É a receita para o desastre.”

Mevlut Cavusoglu, o ministro dos negócios estrangeiros da Turquia, respondeu prontamente, dizendo que as reacções dos lideres da UE às detenções eram “inaceitáveis” e acusando a maioria dos países da UE de apoiarem fortemente o PKK.

Muitos países ocidentais têm vindo a criticar o abuso de poder na Turquia desde que o estado de emergência fou declarado, após o golpe falhado de Julho. Foram já presos, na Turquia, cerca de 110.000 oficiais e funcionários.

Consequências a longo-prazo

Emma Sinclair Webb, pesquisadora chefe para os Estados Unidos do Observatório dos Direitos Humanos desafiou o observador turco ao dizer que as detenções podiam ter consequências a longo prazo.

“Deter membros do Parlamento democraticamente eleitos sem uma prova evidente de grave má-conduta é um grave ataque ao direito da representação política”, disse Webb. “As consequências para os direitos humanos são muito graves, assistimos já a um importante ataque à bomba em Diyarbakir que matou oito pessoas. Retirar a possibilidade da representação e participação na vida política a milhões de eleitores tem consequências muito graves para a democracia e para os direitos humanos.”

Carros armadilhados

Diyarbakir, a maior cidade predominantemente curda no sudeste da Turquia, foi atingida, horas depois das detenções, por um grande ataque de um carro-bomba. As forças oficiais acusaram o KKP que luta contra o estado turco.

O governo acusa o HDP de ter ligações ao PKK, acusação que o partido nega.

O ministro da Justiça, Bekir Bozdag, defendeu as detenções dizendo que estão em conformidade com a lei. Por sua vez, o primeiro-ministro Binali Yildirim disse que o controle se iria manter em vigor até que a “ameaça terrorista” terminasse.
Fonte: VOA News

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