Pela segunda vez desde 2014, a Escócia vai referendar a sua ligação com a Inglaterra. O pretexto deste novo referendo (no primeiro, os independentistas perderam) é o anúncio feito há dias pela chefe do governo britânico de que o processo de saída da Grâ-Bretanha da União Europeia iria ser acelerado.
Caso este referendo resulte na separação da Escócia com a Inglaterra, será a segunda vez na História que a Escócia se livra da sujeição aos ingleses. A primeira vez foi no século XIV quando o exército escocês liderado por Robert the Bruce derrotou os ingleses na batalha de Bannockburn.
Histórias à parte, a primeira-ministra escocesa Nicola Sturgeon está convencida que a Escócia fica melhor continuando integrada na União Europeia e aproveita esta oportunidade política para convocar novo referendo.
A chefe do governo inglês, Theresa May continua imperturbável na sua intenção de honrar o resultado do referendo que ditou o Brexit, apesar da moeda inglesa continuar a desvalorizar diariamente, apesar das pressões políticas que estas movimentações separatistas representam.
Gibraltar também fica na UE
A Inglaterra arrisca-se a ficar demasiado só na Europa, já que depois do referendo escocês deverá haver outros, sendo que um já está a ser preparado em Gibraltar, um pequeno enclave britânico na costa sul de Espanha, em frente a Marrocos.
O chefe do governo de Gibraltar, Fabian Picardo extrapolando os resultados do referendo sobre o Brexit de Junho passado, disse que 96% dos gibraltinos tinham votado contra a saída da Grã-Bretanha da EU, pelo que é natural que o território agora não queira seguir o mesmo caminho que a Inglaterra.
A economia de Gibraltar depende inteiramente do turismo e do comércio com Espanha, a mão-de-obra é quase toda espanhola e a Espanha há muito que reivindica a soberania sobre este território. É certo que os gibraltinos não quererão ser integrados na Espanha, mas é possível negociar uma soberania partilhada, até porque Gibraltar não tem economia autónoma nem exército para garantir uma independência plena.
Na Europa comunitária não haverá misericórdia para os ingleses e todas as manobras políticas estão em marcha para castigar o Brexit. A Escócia já deve ter recebido promessas de tratamento privilegiado caso se separe da Grã-Bretanha e permaneça da União Europeia e acredita-se que o exemplo venha a frutificar na Irlanda do Norte. Bruxelas não fará prisioneiros nesta guerra pela honra e preservação da União.
Pedaço a pedaço, a Grã-Bretanha arrisca-se a desaparecer do mapa político mundial ao mesmo tempo que a Commonwealth também começa a dar sinais de desagregação, embora por razões diferentes.
Politicamente, o Mundo gira cada vez mais depressa e aquilo que julgávamos perene está a desaparecer perante os nossos olhos. Vivemos dias de excessos e de grandes perigos.