Ainda na ressaca do discurso presidencial, onde os mais necessitados não se identificam com o balanço feito, pois parece tudo surreal e improvisado. E lá no fundo a certeza que não se muda um país em dois anos nem com uma varinha mágica.
Finalmente a chuva timidamente beija o desidratado solo do Cunene, despertando tímidas ervas que sorriem para o povo cansado deste pesado fardo.
A dança das cadeiras continua, os senta levanta, sem prestação de contas nem oportunidade de corrigir os erros e mostrar o quanto se aprende com eles.
Os preços dispararam atingindo o pacato cidadão que se submete por falta de voz e de informação, um consumidor sem defesa que sofre na pele, a cada tostão que é acrescentado. Vivemos numa calma desesperadora, sobrevivendo abaixo do básico, desagregando o luxo, sem voz para dar resposta às necessidades primárias que enfeitam a honra.
O primeiro, segundo, terceiro ou talvez mesmo o último emprego, foge das mãos do jovem senhor que carrega nos ombros o excesso de currículos acumulados dos anos experiência em driblar a fome, os vícios e carências… Nem para a anestesia… Nem para a cicuta… O preço da cerveja também subiu. E agora temos de enfrentar a realidade deste país sérios e sóbrios…
Já se começa a sentir o calor, o preço da luz desmotiva o ar condicionado e as ruas estão mais escuras dando cobertura aos senhores do alheio.
Estamos assim sempre a subir… E lá vamos nós ao ritmo do pintin.
A autora escreve em PT Angola