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Domingo, Novembro 24, 2024

A estranha aparição do inventor

José Antunes Ribeiro
José Antunes Ribeiro
Editor e Autor

“- Señor don Blas, de qué libro há sacado usté ese texto?
– Del teatro de la vida humana que es donde leo. “

Ramón de la Cruz

Pepe Mão de Fada recolheu piedosamente aos seus aposentos naquela noite em que as discussões se prolongaram horas a fio e sem qualquer nexo lógico com o assunto que nos liga ao estranho cadáver do inventor descoberto nas traseiras da Igreja matriz.

– Um cadáver é um cadáver, não se desloca sozinho, sentenciou o construtor civil. Que fazer com ele?

– O inventor andava nos últimos tempos, muito, muito esquisito, dissera o último dos passageiros da camioneta da noite.

Num dia inexplicável a sua figura irrompera na pacatez da pequena aldeia. Instalara-se numa quinta senhorial abandonada e poucas pessoas gozavam do privilégio dos seus cumprimentos.

– Homem de poucas palavras, opinava o farmacêutico.

De poucas palavras é feita a vida de um inventor. De contrário como inventar o indizível? Consta que fugiu da cidade longínqua num dia de enorme cansaço e desencanto.

Partiu antes do amanhecer ainda o sol estava escondido do outro lado do mundo. Profetizara a morte da cidade, de todas as cidades do mundo. As caras das pessoas que corriam desalmadamente e sem destino assustavam-no. Antes a morte que tal sorte, escrevera o inventor num letreiro plantado no cimo de um grande carvalho às portas da sua quinta senhorial.

 

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