“Jamais uma história única será contada como se fosse única.”
John Berger
– Um quarto para as duas! Um quarto para as duas! Um quarto para as duas!
– Um quarto para as duas?!
Vezes sem conta este “um quarto para as duas” foi falado, ciciado de ouvido a ouvido nos últimos dias por todos os que de uma forma ou de outra travaram conhecimento da estranha morte do Inventor. Houve até quem se atrevesse a dizer que o nosso misterioso homem afinal era visitado na sua labiríntica gruta da montanha por umas quantas galdérias que o distraím bastas vezes das agruras da sua existência eremita. Outros disseram apenas que esta terá sido a hora do impacto do estranho pássaro metálico no local preciso onde o lago é agora uma realidade semeada de nenúfares e juncos onde nidificam aves de arribação.
– Achas mesmo que o homem metia as duas na cama ao mesmo tempo?
– Cruzes canhoto, Maria, que mundo é este onde viemos parar?
– Achas mesmo? Um quarto para as duas? Nossa Senhora da Ajuda rogai por nós pecadores, amén.
– Abrenúncio, Satanás! Nunca tal vi uma coisa assim neste mundo de Cristo.
– Que mal tem?
Andava o povo distraído até à medula e a verdade é que pouco se sabe do FISOJACTO.
– Uma máquina metálica para andar em terra, no ar e debaixo de água?!
– Quero assistir a esse milagre do Inventor, claro que já se percebe a razão da sua morte.
– E quem são os seus inimigos?
– Todos os que não entendem a importância do FISOJACTO.