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Sábado, Novembro 2, 2024

EUA – a polícia assassina mais um negro

José Carlos Ruy, em São Paulo
José Carlos Ruy, em São Paulo
Jornalista e escritor.

Em uma ação policial trivial, um brutamontes se ajoelha sobre o pescoço de um cidadão negro e o sufoca até a morte.

É terrível, mas a história se repete, com uma frequência mortal – a polícia mata mais um negro nos EUA. Na segunda-feira (25) policiais abordaram um cidadão negro e o assassinaram em Minneapolis, no estado de Minnesota.

O cidadão era George Floyd, um homem de 46 anos, pai de uma menina de 6, que trabalhava como segurança num restaurante local. O motivo pode ser considerado fútil: ele foi acusado, sem provas, de tentar pagar uma conta na loja de conveniência de um posto de gasolina com uma nota falsa de US$ 20. A polícia foi chamada, o deteve, algemou e colocou deitado de bruços no chão. Em seguida, o policial Derek Chauvin se ajoelhou sobre seu pescoço por tempo suficiente para sufocá-lo. Floyd gemia: “Por favor, não consigo respirar” e “Não me mate”.

O policial estava com outros três brutamontes uniformizados, que assistiram à violência policial sem tomar nenhuma providência. Este é mais um comportamento bárbaro, racista, da polícia nos EUA, que é particularmente severa e violenta contra os negros.

Algumas pessoas que assistiam à violência alertaram o policial, pedindo-lhe que tirasse o joelho e colocasse o suspeito na viatura, mas não foram ouvidos. O policial pressionou o pescoço de Floyd durante pelo menos sete minutos, até que parasse de respirar.

Darnella Frazier, que assistia à barbárie policial, pegou seu celular e gravou um vídeo, que viralizou na internet, com mais de um milhão de visitas, dando som e imagem à denúncia da ação violenta e criminosa do policial. Foi o estopim para os protestos que, começando em Minneapolis, se espalharam pelas cidades nos EUA.

As manifestações começaram de forma pacífica, mas logo, enfrentando a repressão, os confrontos com a polícia se generalizaram, alcançando Washington, Chicago, Baltimore, Los Angeles, Memphis, Atlanta, Nova York, San Jose, e Portland, além de Minneapolis e outras cidades.

Houve saques, quebra-quebra, incêndios de lojas, empresas e viaturas policiais. Os manifestantes repetiam, eas palavras clamadas por Floyd: “Não consigo respirar”. Também gritavam:”Poderia ter sido eu”. A 3ª Delegacia de Polícia de Minneapolis foi depredada pela multidão enfurecida. Uma jornalista da CNN ouviu de uma manifestante: “É triste. Mas só assim eles vão ouvir”.

Nos EUA, em 2019, houve 1014 assassínios cometidos por policiais e as principais vítimas foram negros. A ONG Mapping Police Violence (Mapeando a Violência Policial) mostra também que, nos EUA, os negros têm quase três vezes mais chances do que os brancos de serem mortos pela polícia.

Campanha pede Justiça pelo assassinato de George Floyd – Ilustração: Andres Guzman

A violência contra os negros parece entranhada nos EUA. Até meados do século 20 era comum ocorrer o linchamento de negros, por motivos fúteis. Multidões se reuniam para assistir ao enforcamento de um negro em alguma árvore.

O racismo e o supremacismo branco, de caráter fascista, que nasceram nos tempos da escravidão, permanecem vivos no início do século 21, sendo funcionais para o capitalismo na nação mais rica do mundo. O próprio prefeito de Minneapolis, Jacob Frey, perplexo ante a ação assassina da polícia, disse: “Acredito no que vi e o que vi está errado em todos os níveis”. E acrescentou: “Ser negro nos EUA não deveria ser uma sentença de morte.”


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