Quinzenal
Director

Independente
João de Sousa

Domingo, Dezembro 22, 2024

Europa pede que EUA não abandonem tratado nuclear com Rússia

Os ministros de Relações Exteriores de Alemanha, Áustria, Bélgica, Hungria, Lituânia e Letônia apelaram nesta sexta-feira ao diálogo para evitar que o tratado de desarmamento de armas nucleares.

Os ministros de Relações Exteriores de Alemanha, Áustria, Bélgica, Hungria, Lituânia e Letônia apelaram nesta sexta-feira (1º/2) ao diálogo para evitar que o tratado de desarmamento de armas nucleares de alcance intermediário (INF, na sigla em inglês) entre os Estados Unidos e a Rússia deixe de ser aplicado, uma situação que representaria um desafio para a segurança da União Europeia.

Os EUA ameaçam iniciar neste sábado (2) o processo de retirada do INF, que dura seis meses, após acusarem a Rússia de violar o tratado de eliminação de mísseis de curto e médio alcance assinado em 1987.

Washington deu a Moscou um prazo de 60 dias para que destruísse um novo tipo de míssil de cruzeiro que supostamente viola o acordo, mas Moscou insiste em afirmar que não descumpriu com as obrigações do documento.

O ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, apelou ao diálogo, já que um mundo sem o tratado seria “menos seguro”, e propôs relançar um novo debate internacional sobre desarmamento.

“O tema do desarmamento e da arquitetura de segurança deve voltar à agenda internacional, não só por parte de EUA e Rússia, mas também por países como a China e por causa dos novos sistemas de armamentos autônomos, armas cibernéticas e robôs assassinos”, afirmou o chefe da diplomacia alemã ao chegar a uma reunião informal de ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) em Bucareste, na Romênia.

“Sobre isso não existe um marco internacional adequado”, insistiu o representante germânico.

Maas afirmou que Berlim quer ajudar nesse diálogo “com a realização de uma conferência sobre desarmamento em março em Berlim sobre novos sistemas de armamentos”.

Para o ministro alemão, não se deve cair em uma retórica da Guerra Fria porque trata-se de um conflito do passado e, assim, “todas as respostas dadas naquela época não são adequadas para responder aos desafios que temos agora”.

A ministra de Relações Exteriores da Áustria, Karin Kneissl, por sua vez, disse que seu país acompanha a situação com “especial preocupação” a situação.

“As corridas armamentistas não só elevam os riscos, mas custam muito dinheiro”, declarou Kneissl ao chegar à reunião ministerial em Bucareste.

O ministro das Relações Exteriores da Hungria, Péter Szijjártó, também mostrou preocupação com a situação, já que uma corrida armamentista entre EUA e Rússia é especialmente prejudicial para a Europa Central.

“Há uma lição da história: cada vez que há um conflito entre Leste e Oeste, nós centro-europeus sempre perdemos”, “Sobre isso não existe um marco internacional adequado”, insistiu o representante germânico.

Maas afirmou que Berlim quer ajudar nesse diálogo “com uma conferência sobre desarmamento em março em Berlim sobre novos sistemas de armamentos”.

Por sua vez, o ministro belga, Didier Reynders, também pediu um “diálogo direto” com Rússia e Estados Unidos para “evitar a proliferação” e fazer frente ao que considerou um “verdadeiro desafio para a União Europeia”.

Com os EUA, Reynders disse que tratará o assunto dentro das próximas reuniões da Otan, mas também em nível bilateral em Washington.

“Acredito que a saída (do tratado) não é uma boa solução, deveríamos retomar um verdadeiro diálogo”, considerou o ministro belga, que tem confiança de que os EUA “seguirão trabalhando no diálogo com a Rússia”.

“Não é saindo do marco multilateral que vamos ter mais sucesso na luta contra a proliferação”, insistiu Reynders.

Para o ministro belga, é preciso “tentar manter um diálogo direto com a Rússia”, como acontece em muitos outros assuntos, e mencionou as discussões sobre o conflito separatista no leste da Ucrânia, as conversas sobre mudança climática e sobre o conflito sírio.

O chefe da diplomacia de Luxemburgo, Jean Asselborn, também opinou que a União Europeia tem que ser um “mediador positivo” entre Rússia e Estados Unidos para evitar um rearmamento nuclear no qual, segundo ele, a Europa seria a grande prejudicada.

“Geograficamente, somos os prejudicados se o rearmamento estiver na ordem do dia”, disse o ministro.

Por outro lado, os ministros se mostraram divididos na hora de atribuir a responsabilidade pela violação do tratado: enquanto a Alemanha e os países bálticos acusaram Moscou de não cumprir o estipulado no documento, outros países como Áustria e Hungria afirmaram que a situação é um pouco mais complexa do que apontar o dedo apenas para a Rússia.

A Turquia, cujo ministro de Relações Exteriores Mevlut Çavusoglu participa da reunião como país candidato a entrar na UE, pediu o diálogo entre Rússia e EUA.


Texto em português do Brasil

Exclusivo Editorial Brasil247 (com EFE ) / Tornado


Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante  subscrevendo a Newsletter do Jornal Tornado. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a nossa Newsletter. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

- Publicidade -

Outros artigos

- Publicidade -

Últimas notícias

Mais lidos

- Publicidade -