Eusébio, Eça, Ronaldo, Agostinho, Damásio, tantos que Portugal conseguiu ter como absolutos talentos e cimeiros homens e mulheres, de qualidade mundial.
O problema, parece, está sempre no D. Fernando e na frase de Camões, poeta repescado pelos republicanos para aludir à alma maior portuguesa, já em meados do séc. XIX.
Até ali, Camões era apenas “mais um” dos poetas nacionais, sem grande glória ou popular aceitação.
A equipa de futebol portuguesa vai esta terça-feira a jogo contra a pequena Islândia, ilha de frio e pouca gente, arrendada aos que nos últimos anos fizeram de maus alunos, prenderam banqueiros e demitiram primeiros-ministros à primeira suspeita.
Há entre os portugueses e os seus líderes uma relação de amor-ódio. A memória, agora abonatória, parece, de Salazar, não é a memória do Estado Novo, mas a memória dos tempos em que os empregos eram para a vida e os “arruaceiros” dominados à ponta do bufo, da pancada e da prisão.
Os tempos de força, como os de Cavaco e, de algum modo, Sócrates, têm sempre no povo a memória de que algo estava bem: não que se dessem saltos sociais e políticos necessários, mas havia “disciplina”, “respeito”, “moderação”. Ora, o que os portugueses, diz José Gil e bem, não conseguem é assumir responsabilidades pelo seu próprio país – preferem alijar a carga para os demais, para a geral. Nunca nada de ninguém, para citar Luísa Costa Gomes.
Quando Fernando Santos, o actual seleccionador de Portugal, diz que está em França para ganhar, ou se acredita ou estamos a ser povo do outro Fernando, que nos desgraçou. O campeonato europeu de futebol é só o campeonato europeu de futebol. Ganhar seis ou sete jogos para uma equipa que tem dos melhores atletas em competição não deve ser assim do outro mundo. São profissionais, não têm que temer nada, basta fazer o que sabem fazer.
Mas sim, existe o síndroma Fernando (cá está) Mamede… Ser o melhor e, depois, por causa da cabeça desarrumada deitar tudo a perder. Quem se lembra sabe bem o que custou aquela madrugada de 1984.
Por isso, por muito Abrunhosa que nos queiram entregar, o hino é só um, e começa assim:
Vá lá cambada infantes desportistas,
homens de conquistas
Povo que és o meu
Bola redonda e onze jogadores em frente
Sem temores
Que as tácticas dou eu
Tragam as gaitas, as bandeiras e a pomada
Vamos dar-lhes uma abada, ensinar-lhes o que é bom
Vamos mostrar a esses carafunchosos
Por momentos gloriosos
Quem é a nossa selecção(Carlos Paião)
Boa sorte, putos!