A ignóbil excursão do Bastonário da Ordem dos Médicos, acompanhado dos ex-bastonários, a par do cinismo mais abjecto de Assunção Cristas, Passos Coelho e Cavaco Silva.
Cavaco Silva até se entende. Este cavalheiro que não se incomodou de delapidar o bolso do país através do seu correlegionário Oliveira Costa e dos negócios imobiliários no Algarve. Que apenas apareceu publicamente para protestar quando achou que lhe estavam a tirar uma ínfima fracção dos seus poderes constitucionais no caso dos Açores mas que se deixou estar a ver o “sorriso das vacas” quando das exéquias do prémio Nobel da Literatura.
Este ser mesquinho viveu o final do seu mandato desaparecido nos confins de Belém reaparece agora como se a vida alheia lhe tivesse alguma vez importado para alguma coisa a não ser, talvez, pelo trabalho serviçal e pela bajulação. Enquanto múmia do regime é natural que seja um feroz opositor da despenalização da Eutanásia.
Passos Coelho e Assunção Cristas, respectivamente Primeiro-ministro e Ministra da Agricultura de um Governo que de forma sistemática levou à morte de centenas de pessoas a quem cortaram o rendimento, o transporte para a assistência médica, a comparticipação nos medicamentos, os meios auxiliares de diagnóstico e, mais importante que tudo, uma perspectiva de futuro para as suas vidas, levando dezenas de milhares de jovens à emigração e de idosos ao suicídio, por falta de horizontes viáveis de vida.
Que roubaram a esperança ao povo português enquanto vendiam as companhias mais rentáveis do país a estados estrangeiros e a fundos abutres, como são os casos da REN, da EDP, da ANA e da TAP, vêm chorar lágrimas de crocodilo a propósito do direito a morrer com dignidade daqueles que pela dor, pela inevitabilidade da morte a curto prazo no meio de sofrimento e indignidade indescritíveis, pedem uma solução digna, indolor e medicamente assistida.
Mas os mais hipócritas de todos são os Bastonários que se desdobraram em declarações e visitas a Belém. Apetece perguntar-lhes onde estavam quando Passos Coelho mandou cortar nos meios auxiliares de diagnóstico e nos medicamentos. Onde estavam quando pessoas morreram por falta de assistência médica devido aos “cortes” impostos pelo anterior governo. Quantos doentes atendem, prescrevem medicamentos e exames médicos e quantas cirurgias efectuam nos seus consultórios e hospitais privados em doentes sem meios de lhes pagar?
Fariseus!
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