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Director

Independente
João de Sousa

Quarta-feira, Dezembro 25, 2024

Eva No Duerme, de Pablo Aguero

**

Eva_Doesn_t_SleepAcabou-se a puta da festa, agora mando eu. A voz é de Gael Garcia Bernal, de resto o actor aparece apenas como uma mera cameo, a abrir e a fechar o algo desconcertante filme de Pablo Aguero, integrando a competição internacional em Istambul. Por isso, este é quase também uma não presença de Bernal, num filme marcado pela ausência do corpo, mas também de uma maior coerência narrativa.

Aqui se narra o período após a vigília a Eva Péron, falecida em 1952, vítima de cancro, os trâmites do seu desaparecimento e a recuperação quase vinte anos depois, também por Emilio Massera, um dos cabecilhas que operou o golpe de 1976 e que se dirige a essa figura convertida em mártir, como ‘cabra’ ou às ‘putas’ peronistas que por ela gritaram.

O problema do filme não é o seu tema, mas sim a opção por uma estrutura que acaba por cumprir mais a função de contornar a falta de imagens de arquivo mais relevantes que apoiem esta narrativa sobre a tal procura de um corpo, mas que se arrisca a ser também da ausência de um guião sólido.

eva-doesn-t-sleepDividido em três capítulos ou personagens; ‘o embalsamador’, interpretado por Imanol Arias, o legista que trabalha o corpo da defunta com requintes de arte; seguido pelo ‘transportador’, onde um militar de carreira se empenha em incutir a obediência cega ao cabo às suas ordens. Aqui temos um um Denis Lavant, como sempre vigoroso, a passear uma postura truculenta em espanhol; por fim ‘o ditador’, o general Aramburo (Daniel Fanego), autor do golpe de estado após a morte de Peron, e auto-intitulado Presidente da Nação Argentina, agora preso e questionado pelos revolucionários para dar informações sobre o paradeiro do corpo de Evita.

eva-no-duerme

Entre estas três sequências, nota-se a ausência de mais material documental que adorne o sustento narrativo para este filme de tópico tão sensível.

O problema de Eva No Duerme não é a ineficácia do que vemos, mas da impossibilidade de Aguero em mostrar aquilo que falta ao filme. Bem mais que a ausência do corpo desaparecido. Soube a pouco nesta passagem de Evita para à imortalidade.

Nota: A nossa avaliação de * a *****

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