Mesmo o grupo de cerca de um terço dos evangélicos que nunca apoiou o candidato, nem a sua política, nem o neoliberalismo, acaba padecendo de vergonha alheia.
Professor Milton Ribeiro, pastor presbiteriano, doutor em educação, assume o Ministério da Educação e Cultura, o MEC. Essa decisão do presidente, segundo insinuam notícias, é para agradar a bancada de parlamentares evangélicos.
O presidente Jair Bolsonaro não tem partido, mas parece, cada vez mais, ter religião. Nunca um governo teve tantos pastores no seu ministério.
De fato, parece indicar uma tentativa de frear o descontentamento crescente entre os evangélicos.
É preciso lembrar que um dos ministros indicados antes do pastor em questão, também era evangélico e não foi mantido no cargo por que mentiu em relação a seu currículo acadêmico.
Dá impressão de que o presidente, além de tudo, devia aos evangélicos que o apoiam uma “compensação” pela vergonha que passaram.
O apoio de líderes e de igrejas evangélicas ao presidente tem sido, desde o começo, um equívoco.
Pastores se prestaram ao papel de cabos eleitorais nas eleições e, depois, assumiram o papel de militantes.
Nada disso combina com a visão da Igreja como consciência, nunca como operadora, em relação ao poder.
Vergonha alheia
Claro que evangélicos que são ministros, ministras e ocupantes de secretarias, o são como cidadãos e cidadãs.
Parece haver, todavia, uma tentativa de acenar, novamente, aos evangélicos. Coisa que, nas eleições, o então candidato a presidente soube fazer bem.
O fato é que, gradativamente, o povo evangélico vai se dando conta de que esse governo não merece crédito.
Governo acusado, mundialmente, de inepto e irresponsável sanitária, ambiental, social e economicamente, para dizer o mínimo.
Mesmo que o novo ministro se saia melhor do que seus antecessores – o que não parece difícil –, para os evangélicos, contudo, a vergonha continuará: a vergonha de terem sido identificados com um governo em que cada vez mais desacreditam.
Mesmo o grupo de cerca de um terço dos evangélicos que nunca apoiou o candidato, nem a sua política, nem o neoliberalismo, acaba padecendo de vergonha alheia.
A bem da verdade, em matéria de crédito, esse governo merecia ser acompanhado por um “mentirômetro”, dada as acusações de promover fake news desde o início de tudo.
por Ariovaldo Ramos, Coordenador nacional da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito | Texto original em português do Brasil
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