Há 45 anos o povo saharaui luta para voltar para suas terras, hoje sob ocupação colonial de Marrocos. Nos Campos de Refugiados, no deserto de saara, a vida cotidiana é marcada por indignação e esperança.
Conheça um pouco desta história nesta exposição fotográfica, por Berenice Bento
Viagem aos Campos de Refugiados Saharauis (África)
Há um povo que foi expulso de suas terras e que vive no deserto. Aqueles que conseguiram ficar vivem sob o domínio colonial. Entre a repressão do reino de Marrocos e as condições desumanas dos Campos de Refugiados, o povo saharaui luta por justiça e autodeterminação há 45 anos. Os Campos de Refugiados estão no deserto do Saara, em território argelino.
Entre os dias 22 e 29 de fevereiro de 2020, visitei os Campos (em Tindouf/Argélia) e fui hospedada amavelmente na casa da família Buyema, no Campo de Refugiados Bojador, um dos cinco Campos em que estão espalhadas milhares de famílias saharauis.
Esta exposição virtual é uma pequena amostra de momentos compartilhados. O desejo mais profundo que me move é que este povo tenha a reparação histórica que merece. O que significa o retorno para suas terras, o reconhecimento do seu Estado e a responsabilização de Marrocos por seus crimes contra a humanidade e espoliação dos recursos naturais do Saara Ocidental.
Fonte: Naciones Unidas
Maratona no deserto
A Maratona do Saara (Sahara Marathon) é uma prova que tem como objetivo demonstrar solidariedade ao povo saharaui e acontece nos Campos de Refugiados em Tindouf (Argélia). O ano de 2020 marcou a vigésima edição.
Antes do início da Maratona, crianças dos cinco Campos de Refugiados fazem uma largada simbólica no Campo de El Aaiun. Logo após, inicia-se a prova oficialmente. Muitas crianças, no entanto, continuam acompanhando os/ as maratonistas por longas distâncias.
Chegam pessoas de várias partes do mundo e de todos os Campos para acompanhar a Maratona. As raimas (tendas) saharauis funcionam como ponto para apoio aos/ às atletas e de encontro para quem vem assistir a largada da maratona..
Luta política, esporte, solidariedade e beleza se encontram e se misturam. É um dia de festa. Em uma composição estética singular, as flores, negadas pelo deserto, nascem nas melfas (vestes) das mulheres. As cores da bandeira da República Árabe Saharaui Democrática (RASD) repousam como cachecol. Na cabeça, o elegante turbante mistura funcionalidade (proteção contra a teimosa areia) e elegância.
Emoldurado pelo céu e pela areia, o ponto de largada da maratona começa a receber os/ as atletas. O deserto, lugar para onde o povo saharaui correu para salvar suas vidas, hoje é o lugar em que se corre pelo direito à autodeterminação.
Para ver a exposição completa aceda a: Viagem aos campos de refugiados Saharauis
por Berenice Bento, Doutora em Sociologia. Professora da UnB
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