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Sábado, Dezembro 21, 2024

Facebook censura a página do Barão de Itararé do Rio de Janeiro

Quando o Facebook anunciou que contrataria o serviço de checagem de notícias para combater a desinformação na rede social, já sabíamos que a mídia alternativa correria um sério risco de censuras. É corriqueiro o silenciamento de vozes que ousam se levantar para contrapor a narrativa da mídia que atua como partido político das oligarquias na América Latina. A oportunidade do Facebook não seria desperdiçada.

Já se notabilizam casos estapafúrdios envolvendo a checagem de notícias com viés preconceituoso contra a blogosfera progressista. Talvez o exemplo mais famoso se refira ao episódio da tentativa de entrega de um terço a Lula.

Recentemente, mais um caso entrou para a lista. No último dia 03 de maio a página do núcleo fluminense do Barão de Itararé no Facebook foi notificada por suposta divulgação de “fake news”. A empresa de checagem de notícias AFP Brazil classificou como “distorcida” notícia veiculada por Conexão Jornalismo que apontava apoio de Bolsonaro ao golpe na Venezuela. A agência disse que o apoio não se referiu ao golpe, e sim a uma “ajuda” aos venezuelanos.

Confira na imagem:

A postagem do Barão RJ, de 30 de abril de 2019, obteve 259 compartilhamentos e 71 curtidas, mas logo teve seu alcance reduzido pelo Facebook devido à acusação da AFP Brazil.

O que está em jogo é questão de interpretação inerente à liberdade de expressão. Por exemplo: tecnicamente, o golpe de 2016 no Brasil tomou a forma de um impeachment. Não caberia desqualificar – e pior, tentar calar – quem denunciou o golpe sob o argumento esdrúxulo de que “na verdade” ocorreu um impeachment. É óbvio que realizaram um impeachment, porém esse instituto foi utilizado indevidamente, sem crime de responsabilidade, caracterizando um golpe. Revelar o conteúdo para além da forma é fundamental à leitura dos acontecimentos.

É possível que a mesma lógica esteja presente na censura do Facebook à página do núcleo do Barão de Itararé no Rio de Janeiro. O Conexão Jornalismo traduziu como doação em apoio a golpe a liberação de crédito realizada pelo governo brasileiro para ajuda emergencial e acolhimento de venezuelanos que atravessam a fronteira em meio à crise política da Venezuela.

Diga-se de passagem, essa situação lembra a curiosa oferta de moradia, plano de saúde e emprego dos Estados Unidos aos cubanos que chegavam a Miami, benefícios que não eram oferecidos aos próprios estadunidenses, nem a outros imigrantes, apenas aos cubanos que “fugiam” de Cuba desde os anos 1960 até pouco tempo atrás.

Mas voltando ao caso. É provável que alguma liberação de recursos do Brasil fosse mesmo necessária para a organização interna afetada pela crise externa. No entanto, também é provável que tal transação contenha um caráter de colaboração de Bolsonaro a uma investida golpista na Venezuela. O que deveria estar fora de questão é o policiamento e o cerceamento de possíveis interpretações pelo Facebook. Parece mais um precedente perigoso.


por Larissa Ormay, do Barão de Itararé/RJ |  Texto em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV (Fonte: Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé) / Tornado


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