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Quinta-feira, Dezembro 26, 2024

“False Flag”

12244185_10153762715492533_1326927845_nEnquanto a investigação parisiense não explicar cabalmente os atentados suicidas da passada Sexta-Feira, 13 de Novembro, que vitimaram 132 pessoas, a comunidade conspirativa não se calará

“ False flag ” é a expressão comum que os serviços de segurança e espionagem usam para nomear um evento que é perpetrado pela própria vítima, culpando terceiros, no sentido de justificar uma acção posterior.

Os atentados de Paris de 13 de Novembro de 2015 têm já diversos adeptos desta teoria, que apontam contradições à informação divulgada através dos órgãos de comunicação social e que a cruzam com o que as redes sociais, com factos não verificados, deitam à Internet.

Vamos aos argumentos conspirativos:

Quantos foram os atiradores?

As informações são contraditórias, mas parece assente que sete pessoas estiveram envolvidas directamente nas explosões, com a hipótese de um oitavo homicida estar ainda a monte. As cadeias internacionais e a Agence France Presse alinham com três homens-bomba no Etade de France, quatro na sala de espectáculos Le Bataclan e uma viatura que terá visitado vários lugares (quatro) em Paris. Mas depois começa a confusão, porque há 18 vítimas no restaurante Boulevard de Charonne; uma no Boulevard Voltaire, à saída do teatro; cinco na Rue de la Fontaine au Ro e 14 na Rue Alibert. Ao todo são seis atentados, sete atiradores (ou oito) mas dos quais, segundo o procurador-geral parisiense, sete morreram, seis dos quais como bombistas suicidas e um abatido. Então, se é assim, faltam aqui bombistas, nas contas oficiais.

O grito “como na Síria”

O ISIS não manda gritar pela Síria, que abomina. O que os operativos do ISIS fariam, quanto muito, seria gritar pelo Levante, pelo mundo Árabe, por Alá. Na confusão do Bataclan há testemunhas que afirmam ter ouvido os homicidas gritar que estavam ali a fazer o que os ocidentais faziam na Síria. Pouco provável, uma vez que as razões de Assad não se compadecem com as do ISIS. Por isso, os jornais do Qatar, EAU e Arábia Saudita apontam este Domingo para que o comando parisiense seja local, de jovens da periferia parisiense, com más intenções e cheios de propaganda na cabeça, mas sem ligações reais ao dito Estado Islâmico.

“Sou do ISIS”

A Sky News e a Fox News reportaram na noite de Sexta-Feira para Sábado que um dos homicidas terá sido detido e afirmou ser “do ISIS”. Ora, esta notícia, partilhada apenas nos canais de Murdoch, carece de confirmação. A ser verdade, quer dizer que a polícia francesa terá capturado um dos criminosos. A não ser, é uma notícia falsa plantada por alguém nas redacções da Sky News.

A mulher de um só braço

Um dos mistérios da noite está na mulher que se aguenta agarrada à janela com um braço, apenas. Mais do que material suficiente para os conspiradores, como se pode ver neste vídeo do youtube. Aparentemente, a crer na descrição do narrador do vídeo, a senhora troca de braço de apoio no parapeito de uma janela sem grande esforço ou carga muscular. Tema para especialistas, claro, médicos e fisiatras, mas que por ora dá que falar.

O “filme” cancelado

Tal como noutros momentos de crise, também nos atentados de Paris existe um filme que estava para estrear com um argumento semelhante ao real: um atentado à cidade. A película chama-se “Made In France” e está agora em armazém, à espera de se estrear, tal a coincidência dos factos.

O Passaporte sírio

Como a 11 de Setembro de 2001, também agora um passaporte sobreviveu. Sírio e com a excelência de ter sido emitido na Grécia um mês e pouco antes dos atentados. Vindo, alegadamente, do corpo de um dos bombistas suicidas, o passaporte sírio tende a demonstrar o “culpado”, o ISIS, e a abrir a ferida política da crise dos refugiados que estão a fugir à guerra no Médio Oriente. Só que os repórteres já se cansaram de explicar que este passaporte pode ser prova de coisa nenhuma. O insuspeito The Telegraph conta como os traficantes estão a vender os passaportes aos refugiados, para poderem entrar na Europa, independentemente da sua verdadeira origem cidadã. Aliás, um repórter do Mail conseguiu mesmo, por dois mil euros, adquirir um passaporte legítimo.

O Exercício antes do ataque

Mais uma coincidência com o 11 de Setembro e o 7 de Julho de 2005 em Londres: todo o dispositivo de socorro estava mobilizado porque, naquele dia, 13 de Novembro de 2015, as autoridades tinham organizado uma prevenção fictícia para um multi-ataque terrorista à cidade, como se pode aqui ouvir na France Info.

O bombista que não parte uma chávena

A crer nas imagens recolhidas pelas agências internacionais e disponibilizadas em todos os canais internacionais, um dos bombistas suicidas fez-se explodir num café. Mas essas imagens mostram também uma chávena e um pires impecavelmente intactos, cadeiras sem qualquer mácula e vidros inteiros, um só rachado.

As 80 vítimas do Bataclan

Vários são os relatos do horror vivido pelos espectadores do conjunto musical que actuava dentro do centenário teatro. Uma fotografia muito explicita (mas alerta-se para a violência da imagem) mostra o teatro com alguns dos cadáveres ainda por retirar da plateia. O que aqui está em causa são os relatos de primeira hora. Uma das testemunhas ouvida imediatamente após o sucedido relata que estava “sentada com o marido, na plateia, a ouvir o concerto”, quando naturalmente se vê na imagem que a plateia não tem lugares sentados. Isto leva os conspiradores a suspeitar que o testemunho não se enquadra na realidade. Aliás, um vídeo sobre o início do tiroteio pode ser já visto nas redes sociais e nos canais noticiosos. Mas há mais dúvidas sobre o cenário no Bataclan: as vítimas aparentemente resultaram do ataque das forças policiais, depois destas terem recebido nota de que os criminosos estavam a executar, um a um, os reféns. Perante a situação desesperante, a polícia agiu.

A lista que se apresenta não tem dez pontos porque não tem intuito de ser nem certa nem bela. Os conspiradores vão continuar, nos próximos dias, a fazer sair informação e desinformação para os sites bem conhecidos, onde estas teorias pululam.

Manda a regra que se aguarde a investigação oficial e, depois, se confronte essa investigação com perguntas pertinentes e baseadas em factos, não em palpites.

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