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Sexta-feira, Novembro 1, 2024

Festejo Raízes do Riso: rir com inteligência é fundamental para a resistência

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

Começa nesta segunda-feira (5), o II Festejo: Raízes do Riso, um festival online e totalmente gratuito, organizado pelo espaço Terreiros do Riso. O evento apresenta como referência o humor de matrizes africana e indígena.

A alegria segue até o domingo (11), com uma extensa programação com filmes, música, debates e muito humor. Porque sorrir ainda é um ótimo remédio, mas rir com inteligência, sem preconceitos e principalmente sem se curvar aos donos do poder. Como disse o grande humorista Millôr Fernandes, “quem se curva aos poderosos mostra a bunda aos oprimidos”.

Com essa máxima o Festejo celebra a diversidade e o respeito às culturas dos povos indígenas e dos negros brasileiros, escravizados por quase quatro séculos. “Quando percebemos alegria como um fundamento ético, presente na sabedoria afro-diaspórica e indígena, estamos falando de cura. Não a cura como a ciência ocidental fomenta, mas sim uma sabedoria ancestral, uma cura que sustenta e firma nossa alma”, diz Vanessa Rosa, idealizadora e produtora do Festejo, à repórter Flávia Lopes do site Desenrola e Não Enrola.

Você pode assistir pelo Instagram do Terreiros do Riso ou pela página oficial da entidade no Facebook ou ainda pelo Canal do YouTube do Terreiros.

Situado na periferia da capital paulista, o Terreiros do Riso organiza esse festival para mostrar os saberes da periferia, como herança do riso e do humor das brasileiras e brasileiros deixados à margem da sociedade por um sistema inimigo da cultura, da ciência, da classe trabalhadora e da vida. Mesmo assim, o povo utiliza do riso como forma de resistência e de resiliência.

Vanessa abre os festejos no domingo (4), às 16h com o espetáculo “burburinho de abertura”. Aí rolam espetáculos com mais de 70 artistas sempre com a vivacidade característica de um povo, que apesar de sofrido, ainda encontra motivos para rir, muitas vezes de si mesmo, mas um humor ácido contra uma elite antinacional e antipovo.

O grupo Pastoras do Rosário é uma das atrações do festival

O humor feito por esses artistas destaca a necessidade do riso numa sociedade dominada pelo ódio e pela violência. A pandemia evidencia a necessidade do riso como forma de resistir à falta de inteligência de quem ainda acredita na cloroquina, não quer se vacinar e promove festas e aglomerações. Mas principalmente governantes que não tomam as atitudes necessárias para a preservação da vida.

Não perca esta chance de rir nestes tempos tão obscuros. Como diz o poeta amazonense Thiago de Mello, “faz escuro mas eu canto/porque a manhã vai chegar/Vem ver comigo, companheiro/a cor do mundo mudar”.

 

Programação

04 de abril

  • 16h – Burburinho de abertura com Vanessa Rosa

05 de abril

  • 19h – “Exu é alegria” – com babalorixá Rodney Willians
  • 19h – “Alegria é regência” – com Muniz Sodré
  • 20h – Show de Pastoras do Rosário

06 de abril

  • 15h – Espetáculo “Aulas: Caminho” – com Fabio Soares da Silva
  • 18h – Espetáculo “Apresentação Boizinho da aldeia”
  • 19h às 21h – Oficina 1: Mateus: O Dono do Terreiro
    • Com: Mestre Martelo e mediação de Cibele Mateus (Ao vivo pelo Zoom. Necessário se inscrever por este formulário)

07 de abril

  • 10h – Oficina “Educação, Cultura, Vida e Rezos: o brincar na cultura Guarani Mbyá” – com educadores do Centro de Educação e Cultura Indígena Tenondé Porã
  • 15h – Gira de Conversas “Capoeira de Angola: Gingas, jogos e brincadeiras” – com Mestre Zelão
  • 20h – Show de Coral Amba Vera

08 de abril

  • 09h às 12h – Oficina “Pororoca do Riso” – com Coletivo Catappum (Ao vivo pelo Zoom. Necessário se inscrever por este formulário)
  • 13h – “Circo Guarany: Uma viagem no tempo” com exibição do documentário: “Minha avó era palhaço” e Gira de Conversa com Família Xamego
  • 19h – Espetáculo “Quizumba” – com Rainhas do Radiador
  • 20h – Espetáculo “Catappum!” – com Cia Catappum

09 de abril

  • 09h às 12h – Oficina ” Peças, Danças de Guerreiro e Jogo de Espada” – com Mestra Yara e Maria Fabrisleny (Ao vivo pelo Zoom. Necessário se inscrever por este formulário)
  • 15h – Embolada de Terreiro I – com Terreiros do Riso e convidados
  • 19h – Gira de Conversas “Festejos e Performances na Diáspora Negra” – com Saloma Salomão, Nirele Nepomuceno e mediação de Cibele Mateus

10 de abril

  • 09h às 12h – Oficina “Devolve meu quadril: relações entre quadril, comicidade e desobediência” – com Deise de Brito (Ao vivo pelo Zoom. Necessário se inscrever por este formulário)
  • 15h – Gira de Conversas “Matriarcado, Territórios e Ancestralidade” – com Bartira Menezes, Cristiane Rosa, Yakuy Tupinambá, Dona Didi e mediação de Vanessa Rosa.
  • 18h – Encantaria “Mulheres Negras na Função” – com Carolina Ferreira, Lilyan Telles, Luz Cabocla, Mafá Santos e Raquel Franco.
  • 20h – Show “Bambaê e Cacuriá” com Família Menezes

11 de abril – Cantos de Encerramento

  • 10h – Show de Jongo do Tamandaré
  • 14h – Espetáculo “Auto do Negrinho” – com Terreiro Encantado
  • 16h – Embolada de Terreiro II – com Terreiro do Riso e convidados
  • 20h – Shows de Gê de Lima “Samba e Diversidade”, com participações especiais de Mestra Aurinda do Prado e Danna Lisboa.

Texto em português do Brasil


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