69º FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE SAN SEBASTIÁN
Neste texto em que se fala do palmarés do certame basco, que terminou na noite do passado sábado, corro o risco de ser politicamente incorrecto. Passo a explicar.
No júri oficial quatro mulheres e um homem. Um palmarés dominado quase completamente por mulheres. Certamente uma mera coincidência.
A ‘Concha de Ouro’ para o melhor filme foi para “Crai Nou” da romena Alina Grigore, com uma trama que segue a evolução psicológica de uma rapariga que procura escapar da violência da sua família disfuncional e rumar a Bucareste para entrar no ensino superior.
Como já vai sendo habitual em San Sebastián o galardão para o ‘melhor filme’ distinguiu o pior filme da tabela de classificação organizada pelo ‘Diario Vasco’!…
A francesa, de ascendência bósnia, Lucile Hadžihalilović conquistou o Prémio Especial do Júri com “Earwig”.
A ‘Concha de Prata’ para a melhor realização foi atribuída à dinamarquesa Tea Lindeburg por “Du Som Er I Himlen” / As in Heaven, curiosa história passada numa propriedade rural dinamarquesa no final do século XIX quando uma jovem de 14 anos, a mais velha de um numerosíssimo conjunto de irmãos, se vê obrigada a abdicar do seu sonho de estudar quando a mãe morre num último parto.
Ao que parece, nos tempos que correm, é criticável num festival haver prémios para o melhor actor e para a melhor actriz. Em San Sebastián, a partir de agora há uma ‘Concha de Prata’ para a melhor interpretação protagonista e outra para a melhor interpretação secundária. A primeira delas foi atribuída ex-aequo a duas actrizes, à dinamarquesa Flora Ofelia Hofmann Lindahl pelo já referido “As In Heaven” e à norte-americana Jessica Chastain por “The Eyes of Tammy Faye” relato da ascensão, apogeu, queda e redenção da ‘telepredicadora evangelista’ Tammy Faye Baxter. A segunda ao conjunto de intérpretes de “Quién lo impide” do espanhol Jonas Trueba.
Para completar a presença feminina no palmarés oficial falta a referência ao Prémio do Júri para a melhor fotografia: a de Claire Mathon em “Enquête sur un Scandale d’État”.
Finalmente, o Prémio do Júri para o Melhor Guião, para o britânico Terence Davis com “Benediction” um dos mais interessantes filmes de uma fraca secção oficial de que se destacaram “One Second” de Zhang Yimou e “El Buen Patrón” de Fernando Léon de Aranoa (com uma magnifica interpretação de Javier Bardem) completamente ignorados no palmarés.
Outros prémios
- Prémio Novos Realizadores: “Nich’ya” / Unwanted da realizadora russa Lena Lanskih. Prémio atribuído por um júri de três mulheres.
- Prémio Horizontes: “Noche de Fuego” da cineasta salvadorenha e mexicana Tatiana Huezo. Prémio atribuído por um júri constituído por duas mulheres e um homem.
- Prémio Zabaltegi / Tabakalera: “Vortex” do francês Gaspar Noé
- Prémio Nest: “U Sumi” / In the Woods da croata Sara Grguric
- Prémio Irizar (cinema basco): “Maixabel” da renomada realizadora espanhola Iciar Bollain
- Prémios do Público: “Petite Maman” da francesa Céline Sciamma e “Ouistreham” do também francês Emmanuel Carrère
- Prémio da Juventude: “Mass” do norte-americano Fran Kranz