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Quarta-feira, Julho 17, 2024

Filme romeno “Crai Nou” ganhou a ‘Concha de Ouro’ num festival dominado pelas mulheres

José M. Bastos
José M. Bastos
Crítico de cinema

69º FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE SAN SEBASTIÁN

Neste texto em que se fala do palmarés do certame basco, que terminou na noite do passado sábado, corro o risco de ser politicamente incorrecto. Passo a explicar.

No júri oficial quatro mulheres e um homem.  Um palmarés dominado quase completamente por mulheres. Certamente uma mera coincidência.

A ‘Concha de Ouro’ para o melhor filme foi para “Crai Nou” da romena Alina Grigore, com uma trama que segue a evolução psicológica de uma rapariga que procura escapar da violência da sua família disfuncional e rumar a Bucareste para entrar no ensino superior.

Como já vai sendo habitual em San Sebastián o galardão para o ‘melhor filme’ distinguiu o pior filme da tabela de classificação organizada pelo ‘Diario Vasco’!…

A francesa, de ascendência bósnia, Lucile Hadžihalilović conquistou o Prémio Especial do Júri com “Earwig”.

A  ‘Concha de Prata’ para a melhor realização foi atribuída à dinamarquesa Tea Lindeburg por “Du Som Er I Himlen” / As in Heaven, curiosa história passada numa propriedade rural dinamarquesa no final do século XIX quando uma jovem de 14 anos, a mais velha de um numerosíssimo conjunto de irmãos, se vê obrigada a  abdicar do seu sonho de estudar  quando a mãe morre num último parto.

Ao que parece, nos tempos que correm, é criticável num festival haver prémios para o melhor actor e para a melhor actriz. Em San Sebastián, a partir de agora há uma ‘Concha de Prata’ para a melhor interpretação protagonista e outra para a melhor interpretação secundária. A primeira delas foi atribuída ex-aequo a duas actrizes, à dinamarquesa Flora Ofelia Hofmann Lindahl pelo já referido “As In Heaven” e à norte-americana Jessica Chastain por “The Eyes of Tammy Faye” relato da ascensão, apogeu, queda e redenção da ‘telepredicadora evangelista’ Tammy Faye Baxter.  A segunda ao conjunto de intérpretes de “Quién lo impide” do espanhol Jonas Trueba.

Para completar a presença feminina no palmarés oficial falta a referência ao Prémio do Júri para a melhor fotografia: a de Claire Mathon em “Enquête sur un Scandale d’État”.

Finalmente, o Prémio do Júri para o Melhor Guião, para o britânico Terence Davis com “Benediction” um dos mais interessantes filmes de uma fraca secção oficial de que se destacaram “One Second” de Zhang Yimou e “El Buen Patrón” de Fernando Léon de Aranoa (com uma magnifica interpretação de Javier Bardem) completamente ignorados no palmarés.

Outros prémios

  • Prémio Novos Realizadores: “Nich’ya” / Unwanted da realizadora russa Lena Lanskih. Prémio atribuído por um júri de três mulheres.
  • Prémio Horizontes: “Noche de Fuego” da cineasta salvadorenha e mexicana Tatiana Huezo. Prémio atribuído por um júri constituído por duas mulheres e um homem.
  • Prémio Zabaltegi / Tabakalera: “Vortex” do francês Gaspar Noé
  • Prémio Nest: “U Sumi” / In the Woods da croata Sara Grguric
  • Prémio Irizar (cinema basco):  “Maixabel” da renomada realizadora espanhola Iciar Bollain
  • Prémios do Público:  “Petite Maman” da francesa Céline Sciamma e “Ouistreham” do também francês Emmanuel Carrère
  • Prémio da Juventude: “Mass” do norte-americano Fran Kranz

 

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