A partir da crónica “A mancha” de Mia Couto.
Um homem com medo e desgostoso da guerra enche-se de coragem e decide enfrentar o perigoso frio do mato e da noite incerta e muda.
Cavalga, desliza em vão, até descobrir um casaco de soldado imaculado pendurado numa árvore de amor, fertilidade e sabedoria. Julgando ter encontrado o aconchego e a salvação, já perto do rio deita-se em cima dele para descansar um pouco da agreste vida. Ignora porém que a guerra não dá descanso a ninguém, atacando mesmo à falsa-fé, da calada da noite ao resplandecente amanhecer.
O casaco ficou sem mancha, o homem, esse, manchado pela distracção do cansaço de viver.