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Sábado, Novembro 2, 2024

França: Islamistas Abriram “Caça” aos Críticos do Jihadismo

José Mateus
José Mateus
Analista e conferencista de Geo-estratégia e Inteligência Económica
Laurence-Marchand-Taillade
Laurence Marchand-Taillade, secretária nacional do Parti Radical de Gauche

 

“Você foi condenada à pena capital. É agora uma questão de hora”. A mensagem, escrita em árabe, foi enviada por um site islamista à secretária nacional do Parti Radical de Gauche, Laurence Marchand-Taillade.

Esta dirigente política, crítica da acção islamista que alastra em França, tinha-se oposto com sucesso à participação de três “pregadores” islamistas (defensores do “Daesh” e da pena de morte para os homossexuais), numa conferência, organizada em França, pela “Fraternidade Islâmica”.

Condenada à morte pelos islamistas, Laurence Marchand-Taillade vive agora numa espécie de “clandestinidade” e sob protecção policial.

Os três “pregadores” islamistas em questão são o sírio Mohamed Rateb al Nabulsi, o marroquino Abouzaid al Mokrie e o saudita Abdullah Salah Sana’an. Os três querem a pena de morte para os homossexuais, denunciam a “coligação internacional dos Infiéis” contra o Daesh, afirmam que os judeus são o “fermento da destruição” e que a única música possível é a música religiosa islâmica.

Laurence Marchand-Taillade tinha publicado um artigo no Figaro a reclamar a expulsão destes três “turistas” portadores de “mensagens anti-semitas e prójihadistas”.

Mas a dirigente do PRG não é a única pessoa a viver, em França “sob protecção policial”, longe disso. Há dezenas de intelectuais, escritores e jornalistas, políticos e artistas na mesma situação. Laurence Marchand-Taillade é apenas a última de uma longa lista. Nessa lista, Marchand-Taillade está acompanhada por nomes bem conhecidos, tanto de esquerda como de direita.

O romancista Michel Houellebecq é, desde a publicação do seu romance “Soumission”, o mais famoso dessa lista dos “protegidos”; Éric Zemmour, jornalista e autor de “Le Suicide Français”, acusado e condenado pelos islamistas por “islamofobia”;  Albert Lévy, que tem conduzido várias investigações sobre os islamistas fundamentalistas em França; Marine Le Pen, presidente de Front National; Samia Ghali, senadora e presidente da Câmara de Marselha; a jornalista franco-argelina Zineb el Rhazaoui (sempre rodeada de 6 polícias); o corajoso imam Hassen ChalghoumiFrédéric Haziza, jornalista da rádio e cronista do ‘Canard Enchaîné’; Philippe Val, que publicou há anos as caricaturas dinamarquesas de Maomé quando era director do Charlie Hebdo; o filósofo Michel Onfray que anulou a publicação de um livro seu sobre o islão pois, como diz, “nenhum debate é possível em França” depois dos atentados de 13 de Novembro 2015 em Paris; Mohammed Sifaoui, autor de um livro-choque “Combattre le terrorisme islamiste”, depois de ter vivido numa célula da Al-Qaeda, e que tem a foto e o nome em muitos sites islamistas com o “carimbo” Murtad (apóstata); Robert Redeker, professor de filosofia, condenado à morte por um artigo que escreveu no Figaro, vive como fugitivo ou preso político no seu próprio país, depois de ser obrigado a suspender as suas aulas, a vender a casa, a ir secretamente ao funeral do seu próprio pai e a ter o casamento da filha organizado pela polícia; Riss, o director de Charlie Hebdo e os desenhadores sobreviventes do massacre islamista executado na redacção do jornal, cujos novos endereços são só do conhecimento da polícia e são mantidos secretos; e várias dezenas de outros.

Laurence Marchand-Taillade diz que, depois de receber a “fatwa”, decidiu “não renunciar a nada, mesmo se tomo mais precauções nas deslocações. Os islamistas começaram um longo trabalho de infiltração e de conquista em todos os sectores da sociedade civil há mais de 30 anos.

Eles respondem a uma doutrina escrita no início do século XX por Hassan al Bana, o avô de Tariq Ramadan. Este defende um islão radicalizado, político, cujo combate – a “jihad” – pode tomar todas as formas. A sua bandeira comporta dois sabres e um corão: doutrinação e violência.

A França é um território-alvo por várias razões: uma forte população emigrada de origem magrebina que eles tomam como refém; um país laico contra o qual é possível virar as armas da própria democracia; eleitos políticos fracos que, há já 30 anos, renunciaram a fazer aplicar as leis da República”. Por isso, conclui, “após o choque inicial, decidi apresentar queixa e fazer-lhes frente”.

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