São milhares de páginas que permitem contar o papel dos franceses, combatentes ou propagandistas, no Donbass.
Na quarta feira, 3 de Agosto, a conta no Twitter de Tatiana Egorova, membro do serviço de imprensa do governo da auto-proclamada República Popular de Donetsk (DNR) publicou uma estranha mensagem, classificando os serviços de segurança ucranianos (SBU) com ” —+++ “:
“Eu, Tatiana Egorova S., funcionária do MGN da DNR não posso mentir e não vou continuar a permitir que outros o façam”.
O tweet inclui uma ligação Dropbox que seria desactivada algumas horas mais tarde. Contudo, ainda reenviou cerca de 1.449 mails e 2.763 anexos, a partir do mail de Tatiana Egorova, ou seja a mais importante fuga de documentos emanados pelo “governo” deste território no Leste da Ucrânia onde separatistas pro-russos tomaram o poder na Primavera de 2014, desencadeando uma guerra que ainda decorre.
A StreetPress consultou estes documentos e analisou-os.
Uma documentação que permite compreender em detalhe a implicação de franceses, na maior parte ligados às diferentes correntes da extrema-direita, no conflito. Entre “combatentes voluntários” da Trousième Voie ou do Bloc Identitaire, propagandistas encarregues de “identificar e monitorizar” os jornalistas que cobrem o conflito, “voluntários” muito politizados próximos de Marine Le Pen, investigadores ou agentes secretos, graças a estes documentos descobrimos que são várias as dezenas de franceses que vêm a Donbass “servir a causa” deste auto-proclamado pequeno estado apoiado pelo Kremlin.
Contudo, nada permite confirmar que esta colaboradora do serviço de imprensa da República separatista esteja na origem da fuga.
Christelle Néant, uma francesa que colabora neste serviço a partir de Donetsk, afirmou à StreetPress que Tatiana Egorova se mantém em funções. Néant não contesta a veracidade dos documentos, mas defende a tese de pirataria.
A extrema-direita francesa pega em armas em Donetsk.
Analisando os mails,a StreetPress recenseou 23 nomes de franceses que partiram para lutar ao lado dos separatistas.
Uma lista não exaustiva, segundo Christelle Néant, seriam entre 35 e 40 os que se envolveram após 2014. Ex-militantes da Troisième Voie, do Bloc Totalitere ou do Parti de la France.
Na frente, estão representadas todas as “capelinhas” da extrema-direita francesa.
Quando chegam a Donetsk, via Rússia, são interrogados pelos serviços do “Ministério da Segurança Nacional” (MGB) antes de se juntarem a um batalhão.
Nenhum documento refere remunerações, mas vários franceses ouvidos pela StreetPress confirmam rondar um pagamento de 15.000 rublos (200€) mensais.
Vamos voltar a este tema, com mais detalhes